É tão efémera a carne meu amor...como efémero foi o amor
Rasgando-me o corpo como punhal...sob o lençol de mágoa
Onde a dor anoitece em silêncio e o espinho adormece a flor
Que repousa na solidão tão fria como fria é esta doce lágrima
Que escorre tristemente do meu olhar inundando de penumbra
O meu rosto que chora por ti amor...ou será por mim que chora
No instante efémero em que me vejo menina vestida de espuma
Desabrochando rosa em botão...como se o tempo fosse o agora
É tão efémera a madrugada...como efémera uma noite de amor
Deitada sobre a tua sombra...repousa a minha alma já dormente
Nas minhas mãos já sem corpo...no meu rosto marcado pela dor
Adormecido nos teus olhos...onde vai envelhecendo lentamente
É tão efémera a paixão...como efémeras foram as rosas rubras
Que me adornaram na Primavera e que me vestiram de ilusão
Neste corpo que já foi rio e hoje é margem de negras espumas
Tão efémeros foram os sonhos...tão frio e chuvoso foi o Verão
Tão efémera foi a tua boca...como insaciável foi a minha sede
Silenciosa foi a minha espera pelas mãos que não me afagaram
Tão efémeras foram as horas em que fui em ti um amor ardente
E foste em mim presença ausente...restos que em mim ficaram
Tão efémero foi o sorriso que levemente aflorou ao meu rosto
Foi tão breve esse instante...tão doce esse momento de ternura
Como efémeros os dias em que senti na pele o calor de Agosto
Foi tão breve esse tempo em que me entreguei inocente e pura
Tão efêmeros os momentos em que a minha pele acariciaste
Como se fosses um corpo sem vida...uma perdida lembrança
Onde ardeu a nostalgia dessa mulher que em vida sepultaste
Tão efêmera a ilusão...como efêmero esse sonho de criança
Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho)