sábado, 31 de dezembro de 2011
FELIZ ANO NOVO
Num abraço semeiam-se carícias...nas mãos germinam ternuras...nos sonhos amadurecem beijos...nos braços colhem-se certezas...nas palavras deixam-se pétalas...num olhar eternizam-se instantes...na amizade aquece-se o coração e alimenta-se a alma.
E...Minhas amigas e meus amigos...Obrigada por me abrirem o vosso coração para eu entrar.
Que o ano de 2012 seja pleno de amor e felicidade de paz e prosperidade...repleto de realizações e sonhos concretizados.
Que a vida seja uma suave e doce melodia e os dias tenham o azul de uma madrugada serena...e mesmo que as mãos estejam vazias que a esperança seja um sorriso esperando pelo futuro e quando o luar se apagar as estrelas brilhem no vosso olhar e iluminem o caminho e que os sonhos deixem de ser sonhos apenas...e seja uma bela realidade.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Queria marcar um encontro comigo...longe da noite...longe de mim...talvez num canto do meu corpo...numa rua escura da minha memória...ou num beco triste da minha recordação...talvez no meu rosto ou no cansaço de um espelho ou em qualquer labirinto da alma...em segredo...talvez no fundo do corredor que dá para o coração...onde o meu olhar não me ouça...o meu pensamento não me veja...as minhas mãos não me sintam...os meus braços não me alcancem...o rio dos meus olhos não se afunde no mar...o luar não me ilumine para não acordar os meus fantasmas.
Um encontro talvez para me despedir de mim...fechar aquela porta que dá para o vazio...pendurar as roupas velhas na escuridão onde não deixe vestígios...esquecer o meu nome...perder-me na imensidão do tempo...chamar-me na outra metade do nada...talvez encontrar-me do lado de lá de tudo... abrir aquela porta que dá para o abismo...para o outro lado de mim...para além das nuvens...o último estertor de vida antes do fim...nesse labirinto sem saída...escuro e negro caminho por onde vagueia o que sobrou de mim...carne apenas...talvez aí me encontre e a minha alma me diga de mim...o meu corpo se encontre comigo...o meu rosto se prenda no meu olhar.
Um encontro num lugar sem nome...solitário e frio...sem passado...sem futuro...sem bagagem...um lugar ermo da minha memória onde apenas eu habite...no lado de lá de mim...no lado negro da vida...na claridade da morte...no silêncio da eternidade...onde serei infinito.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
FELIZ NATAL
A melhor mensagem de Natal é aquela que o coração diz em silêncio e aquece com ternura quem nos acompanha na caminhada da vida...não só no Natal mas em todos os dias do ano...unindo almas e encurtando distâncias com o carinho de uma palavra...ou mesmo um silêncio que é um abraço que se sente como um lenitivo para todas as dores.
Para todas as minhas amigas e amigos do coração desejo um Natal cheio de paz e amor junto de todos os que vos são queridos.
Um beijinho
Sonhadora
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
OBRIGADA
Amigas e amigos queridos...não tenho palavras para agradecer o carinho que me deixaram...apenas digo OBRIGADA e deixo um beijinho e uma rosa
Sonhadora
Sonhadora
Queria Chamar-te Amanhecer...
Queria chamar-te amante...queria chamar-te amanhecer
Queria escrever um verso perfeito...chamar-te meu amor
Ser o teu céu infinito...partir de mim...e em ti anoitecer
Queria nos braços da madrugada...ser o aroma duma flor
Queria regressar ao teu sorriso...pelas veredas da saudade
Escrever-te um poema de amor...guardar-te todo em mim
Fazer do teu corpo o meu sonho...do teu olhar a eternidade
Nas tuas mãos meu amor...entregar a minha alma nua de ti
Queria meu amor...esquecer os medos...vestir-me de paixão
Envolver-te docemente no meu corpo...despida de mágoas
Serena como o luar...vestida de amor...renascer na ilusão
Ser uma estrela a iluminar a noite...o remanso das águas
Queria romper espaços...dançar ao som de acordes insanos
Ter a insanidade do amor...a insensatez de uma criança
Saltar abismos...subir montanhas...esquecer os desenganos
Deixar enfim que a vida me envolva...num mar de esperança
Queria ser um instante na madrugada...vestir a noite de desejo
Ser o tudo e o nada...uma música suave...um corpo de ternura
Dançar a valsa da solidão...prender o infinito num doce beijo
Rodopiar assim eternamente...nos braços insanos da loucura
Queria escrever um eterno poema de amor...amor amante
Triste...como o silêncio das rosas...profundo como o mar
Que vestisse o meu corpo de maresia...apenas um instante
Que perfumasse de belas flores... este meu triste caminhar
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
HOJE É O MEU ANIVERSÁRIO
O tempo leva o perfume de todas as flores...mas o perfume dos sonhos vai ficar para sempre no fundo do meu olhar...numa aurora silenciosa onde guardei as pétalas que um dia me atapetaram o corpo...num intervalo entre as estações adormecem as recordações e deixo que no absinto dos meus lábios pouse uma borboleta que leva com ela as folhas vermelhas de um sonho atravessado por versos inquietos entre o sol e a escuridão.
Nas minha mãos guardo as flores que um dia foram esperança
Que me vestiram os sonhos...que me anunciaram alvoradas
Nas minhas mãos prendo as ilusões...do meu reino de criança
No meu olhar guardo as pétalas...que vestiram as madrugadas
Queridas amigas e amigos que já fazem parte da minha vida...ouvem os meus lamentos e lêem os meus tristes versos e sempre me deixam um carinho imenso em cada palavra.
Queria que o champanhe e o bolo não fosse virtual...mas mesmo assim aqui o deixo com carinho...e me deixo...sem mais palavras para dizer o que sinto.
Um beijinho com carinho
Rosa
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Sou a minha sombra...
Eu sou a minha sombra...silenciosa e alienada de mim
Sou onda e mar...sou paisagem sombria...sou ela e eu
Na minha sombra me invento...não cheguei nem parti
Sou a letra de um fado...que uma triste guitarra gemeu
Eu sou a minha sombra...um desencontro...uma alma vazia
O lago azul da eternidade...a escravidão submersa do inferno
Fico nua e esvazio-me...sou a terra do nunca...escura e fria
A solidão é o meu fado...o meu corpo um lamento eterno
Eu sou a minha sombra...bruma do tempo...loucura e paixão
Uma vida imaginária...o vento da noite...a cálida luz do luar
Morta e branca esvoaça a minha alma...no céu negro da ilusão
Já cansada...recolho os gestos...entrego os meus restos ao mar
Eu sou a minha sombra...em cada palavra me digo adeus
Sou o silêncio do vento...o espinho da dor...uma estrela caída
Vagando entre o sim e o não...sou a loucura dos sonhos meus
Sou da vida a ilusão...triste e pobre louca...na noite perdida
Eu sou a minha sombra...presa entre o querer e o não poder
Não existo...sou a volúpia das trevas...estranha e doce melodia
Escorrendo do meu sonho...insónia do meu sono...o anoitecer
Sou o pesadelo das noites...caminhando sobre o fogo em agonia
Eu sou a minha sombra...na treva me oculto...na luz me desnudo
Na solidão me acompanho...nas brumas me envolvo e me bebo
No céu negro me respiro...no vazio da noite me dou ao mundo
Nos dedos frios da morte me envolvo...na sepultura me entrego
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Doi-me a solidão...
Perco-me nos caminhos e encontro-me nas encruzilhadas...abandono-me nas palavras e encontro-me nos pontos finais...dispo-me nos meus poemas para me encontrar nas entrelinhas...escrevo-me e fico sempre no outro lado de mim...tão perto e tão longe de ti...como o mar que afaga os meus olhos...e a tempestade que leva o meu corpo para o infinito onde te espero...para o vazio onde não te tenho...no labirinto onde não me encontro.
Sou um espaço em branco...um abraço frio do tempo...o resto que ficou esquecido entre as paredes nuas dos sonhos...esperando em silêncio pelo toque de uma mão...pelo anseio do desejo...pelo beijo que ficou entre a boca e o gesto...pelo colo ausente no vazio presente...rasgando a solidão de todas as noites...caminhando pelo escuro de todas as ruas...na estrada sem fim que prende os meus passos...nas rochas que me magoam o corpo...na solidão que me veste...no muro que me rouba a luz...no ocaso do meu olhar esculpido numa lágrima...gritando um lamento eterno e vão...sem resposta e sem mim...anoitecendo e amanhecendo...e eu vazia...e o tempo correndo e a vida esgotando-se...e eu sem nada e o meu corpo sem ti...e os meus dedos sem pele...e as minhas mãos tateando o vácuo...e os meus braços acorrentados...e os meus olhos chovendo lágrimas e o mar levando o meu lamento para tão longe da vida...para tão perto do nada.
É no escuro da minha alma...que os meus poemas dedilham um triste fado...que desagua no meu peito a tempestade de que sou feita...que me escrevo no silêncio de todos os gritos...que me dispo de mim para me vestir de ti...que me doiem os Dezembros do meu leito...os espinhos das minhas lembranças...os pesadelos onde repousam os meus fantasmas...os limbos onde a noite é mais noite...na mágoa que escorre do meu sono... pesadelo do meu sonho...no aconchego gelado do meu adormecer...na fria claridade do amanhecer.
Doi-me o silêncio...doiem-me as palavras...doi-me o tempo...doi-me a vida...doi-me a solidão.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Por um momento apenas...
Por um momento apenas...queria ser rosa púrpura...fogo lento
Ser a ternura que me corre no corpo...musa eterna no teu olhar
Por um momento apenas...queria voar feliz nas asas do vento
Numa viagem sem regresso...ir à deriva numa noite sem luar
Por um momento apenas...queria deixar a minha sombra negra
Nas grades presas do destino...queria ser um sopro de ilusão
Por um momento apenas...vazia e nua a minha alma se entrega
Nas mãos frias do desengano...nas asas negras da escuridão
Por um momento apenas...queria inventar um corpo de fogo
Rasgar com as minhas mãos este vazio...desfazer as correntes
Abafar este meu grito...no mar de silêncio onde me envolvo
Afastar os fantasmas...libertar-me desta sombra que me prende
Por um momento apenas...queria abrir as asas à madrugada
Desfazer as renúncias...saciar a minha sede num leito de ilusão
Onde já ninguém me espera...na noite que me beija sufocada
Nos braços onde o vazio é o ninho onde adormece a solidão
Por um momento apenas...queria gritar à vida...estou aqui
Desfazer este silêncio que me doi...este frio que me magoa
Estas pedras que me ferem...esta dor que murmúra em mim
Este espinho que me rasga...esta prece que no meu peito ecoa
Por um momento apenas...queria no sonho esquecer a lucidez
Num livro em branco...escrever tudo o que fui tudo o que sou
Adormecer na sombra negra deste corpo...que a solidão desfez
Dizer às rosas do meu peito...que enfim esta alma descansou
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Quando um dia partir...
Quando um dia partir...no meu corpo levo as rosas que amei
Levarei o perfume do amor...num voo suave...irei com o vento
Quando um dia partir...sobre os restos do meu corpo caminharei
Irei além de mim...além da vida...transporei os degraus do tempo
Quando um dia partir...levarei no meu corpo rosas vermelhas
Abraçado pela noite das noites...além das nuvens...além de mim
Iluminado de pálida tristeza...voará na serenidade das quimeras
Quando um dia partir...levo as dores e com elas faço um jardim
Quando um dia partir...deixa a tua boca na minha...meu amado
Um toque suave que levarei...por entre as brumas desse caminho
Veste-me de lírios...de sedas e rosas...escreve-me um triste fado
Quando um dia partir...sepulto a dor... cumprirei o meu destino
Quando um dia partir...serei uma estrela cadente na noite escura
Uma gaivota nos céus...leve como uma pena...em silêncio voarei
Levarei no olhar um poema...nas minhas mãos restos de ternura
Quando um dia partir...os meus três amores no meu olhar levarei
Quando um dia partir...irei serena...levarei a planície no olhar
Nos meus cabelos rosmaninho...na boca um poema de amor
Não quero despedidas tristes...nem ninguém por mim a chorar
Quando um dia partir...espalhem as cinzas ao vento...ao luar
Quando um dia partir...percorram por mim os lugares que amei
Pensem apenas...que enfim voei para além de mim em liberdade
Que desenhei uma porta...que serenamente e em paz transporei
Quando um dia partir...na lápide escrevam...és enfim eternidade
sábado, 12 de novembro de 2011
Há tanto silêncio na noite...
Há tanto silêncio na noite...só a minha dor grita...apenas ela
Ampara o meu corpo...toca as minhas mãos...afaga meu rosto
Há tanto silencio na noite...nada me toca...nem a luz duma estrela
Nem um abraço vazio...nada...nem a sombra do meu desgosto
Há tanto silêncio na noite...e fantasmas vagando na escuridão
Tantos sonhos e pesadelos...tantos corpos sós e amordaçados
Tanta rua sem saída...tantos becos escuros e rostos na solidão
Há tanto silêncio na noite...tantos muros...tantos gritos calados
Há tanto silêncio na noite...tantos rostos macerados...tanto frio
Tantos leitos adormecidos...tantos lençóis tecidos de amargura
Há tanto silêncio na noite...tantos desejos...tantos lábios vazios
Tantas promessas...tantos sonhos amordaçados na noite escura
Há tanto silêncio na noite...e gestos vazios sobre os meus restos
Tantos momentos sem mim...tantas palavras sem voz e sem ti
Tantas cinzas que um dia foram fogo...e tantos ecos sem gestos
Tantos dias sem idade...tantos Invernos sem princípio nem fim
Há tanto silêncio na noite...tanta cruz...tanta vida em desalinho
Tantos restos ilusão...esperando em silêncio uma noite de amor
Tantos corpos despidos...tantos sonhos vencidos pelo destino
Há tanto silêncio na noite...e rosas sentindo o espinho da dor
Há tanto silêncio na noite...tantos desejos sem madrugada
Tantos Agostos sem sol...tanta nuvem...tantos céus infinitos
Tanto tempo sem tempo...tanta sepultura na terra esventrada
Há tanto silêncio na noite...tantos escuros e frios labirintos
Há tanto silêncio na noite...tantos gritos nus...tanto lamento
Há tanto silêncio na noite...tantos gritos nus...tanto lamento
Tantas asas feridas...tanto sangue a escorrer de tanta pena
Tantos regaços vazios...tantas sombras negras...tanto vento
Há tanto silêncio na noite...tanta dor na rima deste poema
sábado, 5 de novembro de 2011
Queria Falar...
Queria falar-te da mágoa do meu olhar...do azul dos sonhos
Da ilusão...das promessas...do eco das mãos entrelaçadas
Do gole de silêncio que me embriaga nas noites de Outono
Do vazio que me gela...das sedas no meu corpo sepultadas
Queria falar-te das palavras que se arrastam mudas no chão
Dos meus desejos...dos cansaços...da mulher adormecida
Queria falar-te meu amor...da ausência e da minha solidão
Do meu leito sem mim...dos braços sem ti...da rosa ferida
Queria falar-te...dos sonhos desfeitos...das mãos vazias
Das gotas de chuva que correm tristemente do meu olhar
Da ausência que gela o meu corpo...das madrugadas frias
Das brumas...do sorriso e da mágoa...da noite e do luar
Queria falar-te da dor que cresce por dentro do meu peito
Do grito que calo...dos anseios...dos espelhos quebrados
Dizer-te das horas mortas que se aninham no meu leito
Das marés que afogam os gemidos...dos desejos sufocados
Queria falar-te das águas escuras que o meu corpo inundam
Da imensidão do mar...que leva os meus soluços...do amor
Do vazio dos meus braços...do abismo negro e profundo
Queria falar-te meu amor...dos gestos sem tempo...da dor
Queria dar-te o meu corpo...estender-te os meus braços
Falar-te dos meus sonhos e anseios...abrir o meu peito
Dizer-te das pedras do caminho...dos muros...dos laços
Dos meu segredos...dos meus medos...do meu frio leito
domingo, 30 de outubro de 2011
Visto-me de violetas...
Visto-me de violetas...enfeito-me de solidão...perfumo-me de rosas negras...deposito meu corpo na terra fria...entre o infinito e a eternidade...caminho entre nuvens brancas do silêncio...numa ansia eterna a morrer no meu olhar de brumas...na vida que ficou para trás...na chama que se apagou...no abandono do EU...perdida no desengano...envolta pela noite...vou sem mim.
Os sonhos perdi-os entre as pedras do esquecimento...o amor deixei-o do lado de lá da vida...não o encontro...saio agora pelo outro lado do silêncio...perco-me no esquecimento do tempo...deixo o meu corpo e volto ao pó...entrego-me ao nada...cinzas apenas...a escorrer no silêncio de um instante...num grito preso na imensidão...num olhar perdido...num canto silêncioso...onde não me tenho...não sou
Vestida de noite...danço uma valsa fúnebre...dolente...envolta nos véus da penumbra...danço despida de mim...entre os lábios e a pele...num lugar breve e sem volta...onde guardei as memórias de um outro eu que se perdeu no tempo...numa serenidade estranha...numa ânsia de infínito...numa procura de eternidade deixo escorrer uma lágrima...afasto uma sombra que caminha comigo numa manhã sem destino...numa noite sem chegada...num céu sem estrelas...no ocaso do meu olhar...no frio que se desprende das minhas mãos...no grito onde se escondem todos os silêncios...todos os desenganos...onde numa breve fuga ao ocaso escurecem os dias por entre a sombra e a penumbra...onde a dor é um afago no eco de todos os gritos...no lamento de todos os murmúrios e a sombra da minha sombra a minha eterna companhia.
Entre a terra e o céu...há tantas pedras nuas que ferem a alma...tantos lugares vazios...tantas noites que crescem dentro de mim...amordaçadas no meu corpo...aprisionadas nos meus braços cansados...escorrendo do vazio das minhas mãos...como asas silenciosas inundando todos os recantos gelados da minha alma... ficaram as palavras numa lágrima escrita em silêncio.
No fundo da noite...fantasmas flutuam na memória...acordando o sono...no regaço da escuridão...como asas na noite...transformando em cinzas os sonhos agonizantes...onde ardiam desejos...pousados na sombra negra do amor...no abismo da terra fria...onde adormeço...no vazio da eternidade...envolta no silêncio do tempo descanso enfim...no anoitecer da terra.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
A dor do Poeta...
Gritam na noite as sombras...as feridas do poeta...as rosas
Chovem no peito os infernos...na alma do poeta chora a dor
Nuvens negras o envolvem...chamas de fogo negras vaporosas
São as sombras...as tristes sombras...são os fantasmas do amor
Brinca com a dor o poeta...nas mãos vazias prende uma lágrima
Os braços já não são asas...os sonhos deixaram de ser fantasia
A boca sabe-lhe a sal...o dia deixou de ser dia...é apenas mágoa
Deixou de fazer versos ao luar...embala na noite a melancolia
O poeta finge a morte...esquece a vida...sem limite se entrega
Envelhece na solidão da noite...amanhece nos braços da poesia
Sacia a sede de amor...nas vielas para onde a escuridão o leva
Caminha em vão o poeta...no olhar leva uma prece de agonia
O leito do poeta é frio...o silêncio é voz..de ausêcia são as mãos
O rosto já não é rosto é tempo...o olhar fez-se pedra...escureceu
Veste-se e despe-se...perfuma-se de incenso...abandona a ilusão
Pisa as rosas entre os dedos...sepulta e esvazia tudo o que doeu
No peito do poeta jazem sem vida...as folhas mortas da paixão
A tristeza e melancolia dos dias de Outono...a pálida luz do luar
A eternidade prometida que não vem... poeta tem na boca solidão
À noite dá o seu leito de espinhos...os seus braços entrega ao mar
No rosto do poeta há distância...voa errante o pensamento
A noite é escura...o dia é bruma...as madrugadas são nostalgia
O cio já não é desejo...as mãos não são carícia...são lamento
A rua não é caminho...é abismo...os intantes não são alegria
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Despi-me de mim...
Despi-me de mim e abandonei as cambraias na terra fria
Desfiz os sonhos...silenciei as palavras...rasguei as prosas
Abandonei as mãos...amordacei os abraços...fiquei vazia
Gelei o corpo na noite...no leito frio do amor deixei as rosas
Já não sou asa nas rimas dos meus poemas...não sou poesia
Rasguei os véus...desnudei a minha alma e vesti-me de noite
Cravei na pele os espinhos...gritei ao mundo a minha agonia
Anoiteci só e acordei vazia...sem mim sem vida e sem norte
A noite me veste...amordaça-me a vida...o tempo me fere
Magoam-me as pedras...dilaceram-me os ais e assim anoiteço
No lado negro da vida...sou apenas a memória da minha pele
Um livro em branco esquecido no chão...sem fim nem começo
Desceu a escuridão no meu rosto...adormeci o meu olhar
Morreram-me os sonhos...as lembranças cheiram a dor
Apagaram-se as estrelas... no céu anoiteceu a luz do luar
Encontrei-me sem mim...no abismo fundo e negro do amor
Sou pedra dura e sou cardo...perdida entre caminhos agrestes
Rosa entardecida...resto de sonho sem vida...ocaso da madrugada
Sombra perdida entre os escombros...vagando entre os ciprestes
Nua dos meus braços...caminho sem mim...ferida e amordaçada
Sou a lua solitária...triste e louca sonhadora dos sonhos perdidos
Ave magoada...perdeu as asas...prendeu o voo...rasgou os laços
Guardou as cinzas do amor...amordaçou no corpo os gemidos
Adormeceu embalando na noite a solidão e sonhou cansaços
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Os anos passam...
Os anos passam...os dias lentos e frios...o peso da vida que denúncia cansaço...os enganos...poemas guardados...sonhos desfeitos...dor de poeta...solidão de mulher que perdeu a inocência...alma inquieta...no corpo os escolhos...sementes de amor...pedaços de dor...marcas de espinhos...restos de vida.
Prisioneira e liberta...querendo fugir das teias...do frio que inunda as madrugadas...da dor escondida no fundo do tempo...na vida que se fez noite...no corpo que doi...desejo a arder...numa ansia de ser...no desespero de querer...na emoção de sentir.
Aprisionado entre o querer e o poder...entre a vida e o abismo está o passado magoado... o presente vazio...o futuro ausente...apagado nas sombras...desvanecido na desilusão...doendo no corpo e na alma ...escorregando entre os dedos dormentes da vida.
Aprisionados entre o tempo e a memória...os sonhos que se vestiram de ausência...silenciosos gritos ecoando na noite sem fim...perdidos num espaço branco...vazio...como estas mãos que escrevem...tão nuas...tão despidas de carinho...anoitecidas de ilusões...vazias de promessas...cheias de silêncios.
Aprisionado no meu corpo um soluço...na madrugada um abraço ausente...no meu rosto gestos sem idade...no meu olhar...este grito ecoando na madrugada...chamando na noite a ternura.
Há no meu olhar a ausência...o tempo...o ser... o estar...o continuar...o Outono com lembranças de Primavera...quase nada...um corpo numa rosa que secou...no vazio de um abraço...no desejo de um beijo...nas palavras mudas gritando em silêncio...num poema maldito onde repousam todos os demónios...no meu corpo uma lágrima...nos meus dedos um poema inacabado...perdido no sonho...entre o tempo e o desengano.
Sem adormecer encontro o silêncio de todas as ruas sem nome...procuro-me e não procuro ninguém...apenas um corpo amortalhado...umas mãos cansadas...cheias de nada...vazias de tudo.
Caminho em silêncio...entre as brumas...nos caminhos vazios da saudade...meu corpo vaga sem destino...envolto na solidão de uma lágrima que me escorre da alma...doce e tristemente chamando a vida que me escapa entre os dedos...gritando o tempo que se esvai...nascendo e morrendo tanta vez.
sábado, 8 de outubro de 2011
Ninguém tente entender a poesia...
Ninguém tente entender a poesia...a alma do poeta é procura
É o coração em chamas...o frio da alma...a negridão da noite
É loucura que desliza ao sabor da pena...em eterna amargura
É a droga do corpo...o sangue a latejar... a solidão da morte
Ninguém tente entender a poesia...é uma sereia sem mar
É fogo que queima...o sol a morrer...flor seca do deserto
Veneno a escorrer dos dedos...o céu e o inferno de amar
É a sombra e a luz do poeta...é o punhal cravado no peito
Ninguém tente entender a poesia...é inferno tatuado na pele
É morrer e renascer...anjo e demónio...ternura e temporal
O desespero...o grito e o silêncio...no corpo o sabor de fel
Mulher e amante...amor e pecado...eterna noite de vendaval
Ninguém tente entender a poesia...céu e loucura...dor e paixão
Um canto doce de tristeza...palavra impregnada em nostalgia
Uma procura indefinida...morte lenta nos braços da solidão
Eterna condenação a ser só...triste musa envolta em agonia
Ninguém tente entender a poesia...palavra no peito amordaçada
Um voo de ilusão...emoções e sonhos perdidos...negro inferno
Mergulho silencioso na alma...uma lágrima no corpo sufocada
Chama a arder no peito...frio a escorrer das mãos...canto eterno
Ninguém tente entender a poesia...nem o poeta se entende
Grita ao mundo o seu pranto...brinda com sícuta à fantasia
Plana no céu...afunda-se nas trevas...na escuridão se rende
domingo, 2 de outubro de 2011
E este Vendaval...
E este vendaval bramindo no meu corpo...esta noite despida
E este fogo lento que me envolve...e esta cama de espinhos
E estes lençóis tecidos de amargura...e esta morte em vida
E este abismo sem luz por onde vagueio...e estes caminhos
E este silêncio que se fez mágoa...e as palavras rasgadas
E esta sombra que me anoitece o olhar...e o peso do vazio
E este sal que me corre nas veias...as lágrimas sufocadas
E estes braços sem mim...estas mãos sem nada...este frio
E este céu negro que me envolve...este coração amordaçado
E esta madrugada que me doi...que me queima e entristece
E esta ansia de ser...este desejo de querer...no peito sufocado
E esta vida que não passa...e esta noite que nunca amanhece
E este desejo que encendeia o meu corpo...que me fere a alma
E este amor de carne...este vestido de vento...este mar bravio
E esta mulher...voando nas asas de um condor na noite calma
E este leito de solidão...estas rosas secas...este corpo vazio
E este vento que me leva...anunciando a tempestade
E esta vida que gastei...e este tempo que me queima
E este rosto que murmúra...os ecos de uma saudade
E este sorriso inventado...esta dor que em mim teima
E este abismo negro...as dores...as flores...este meu cansaço
E esta dança fúnebre...dolente...onde vagueio sem chegar
E estas sombras na noite...que são o abraço onde me enlaço
E esta lágrima que escorre por dentro de mim...e este mar
terça-feira, 27 de setembro de 2011
A noite me invade...
A noite me invade...o meu corpo anoitece...o meu leito arrefece
Parto de mim...ausente da vida...jazendo no chão dos meus passos
Parto de mim...ausente da vida...jazendo no chão dos meus passos
Sem rumo...sem norte...no olhar o silêncio...nos lábios uma prece
A noite me invade...tristemente a escorrer dos meus braços
A noite me invade...me assombra...despindo-me o amor da pele
Vestindo-me de segredos e medos...cravando-me de espinhos
Dentro de mim profundos abismos...desfeitos sonhos de papel
A noite me invade...e nela corre livre a dor do meu caminho
A noite me invade...nela jaz o meu corpo...só e amordaçado
Vagando à beira do precipicio...entre a luz e a sombra...morto
Num voo sem rumo...gaivota sem mar...um barco naufragado
A noite me invade...num mar revolto...num cais sem porto
A noite me invade...negro espaço no tempo...que me rasga
Que me queima...que me doi...que me solta e me prende
Deixa-me nua...devora-me a carne que me cobre a alma
A noite me invade...o meu pobre corpo ao cansaço se rende
A noite me invade...a ternura fez-se dor...o amor fez-se vazio
Num poema sem rima...num verso sem cor...num rosto sem vida
Num tempo sem tempo...num olhar sem luz...tão triste e tão frio
A noite me invade...a escuridão me cobre...o chão me dá guarida
A noite me invade...nuvem negra que me embala docemente
Num céu sem estrelas...num infinito sem luz...abismo sem fim
O vento fez-se tempestade...arrastando o meu corpo lentamente
A noite me invade...acordando os fantasmas que vivem em mim
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Esperei...
Esperei no outro lado de mim...na solidão de ti...do silêncio da cama vazia...nas paredes nuas do espanto...na emaranhada teia que me envolve...na profunda sepultura que me espera e me chama...nos íngremes degraus que prendem os meus passos...no longínquo amor que anseio...no áspero caminho que percorro...nas pesadas correntes que me prendem...nas vazias as mãos que envolvem a minha alma...no enevoado o olhar que te recorda no agreste deserto que percorro.
Esperei entre as brumas...esperei o céu azul...o sol a romper por entre a escuridão...esperei por mim...por ti...esperei em vão...eu não me encontrei e tu não chegaste e as nuvens choveram raios...e os meus olhos acariciaram o mar...e a minha alma foi com as ondas...e a noite não me deixou só...envolveu o meu corpo num abraço gélido...silencioso...como o vazio que me percorre...como as ondas que me afagaram um dia...as mãos que me enlaçaram...vazias...os sorrisos frios...as sombras das minhas lembranças...o amor que ficou pisado no chão...nos sonhos que gritam no meu corpo...um retalho esquecido da vida no deserto da minha pele...onde as mãos são o abandono de todas as carícias...a noite de todos os vazios.
Sobre a tela branca da espera...repousa um esboço...uma quimera...um beijo eterno...um poema infinito que os meus lábios frios tocaram...uma efémera lágrima que cai solta entre os meus dedos...nas dormentes mãos que afagam o tempo...no vazio dos braços que me esperam...um abismo no limiar do sonho...onde guardo o tempo e provo o ópio da solidão...dissipo a chama que me consome o corpo...entralaço as palavras no meu peito e mergulho a alma num turbilhão de emoções...onde estou mas não sou.
Nesta eterna espera...amanhece o Inverno nos meus gestos...anoitece o dia nos meus cansaços...nua de sorrisos...sou a árvore que já floriu...a quimera do que não foi...um vazio de ilusões por ser...a memória diluida dos dias...o azul escuro...quase treva...das noites sem fim.
Esperei o dia...esperei em vão...regressei a mim...tão distante da vida e tão cansada de estar...tão pó...tão nada...um sopro de ilusão apenas...uma lágrima de poeta escorrendo na solidão da mulher.
sábado, 17 de setembro de 2011
Sou mulher...
Sou mulher...sou uma promessa de vida...gritando a solidão
Sou a dor calada de todos os silêncios...um sonho de amor
Sou o rosto da amargura...sopro de tempestade...um furacão
Aroma delicado de uma flor do deserto... brisa beijando a dor
Sou mulher...sou as entranhas da terra...entro e saio de mim
Chamo o meu corpo morto...refugio-me no jardim da ilusão
Fico esperando o nada...no silêncio estranho desse jardim
No abismo deserto de todas as ruas...beco escuro da paixão
Sou mulher...amordaçada e mal-amada...sou a doçura da noite
Tenho no meu corpo...perfume de rosas negras e versos de amor
Bebo as trevas...brindo à solidão...voo nua nos braços da morte
Dentro de mim...passeiam demónios...gemem infernos de dor
Sou mulher...retrato amarelecido...sombra esbatida de mim
Voo à beira do chão...persigo-me e dilacero-me...prendo-me
Sou a arritmia da dor...sou o equilibrio do desequilibrio do fim
Não sei quem sou...vivo além do tempo e da vida...rendo-me
Sou mulher...sou o ventre da dor...a sombra da noite e do dia
Sou o esquecimento dum lugar sem rumo...dum abismo sem fim
Sou o medo...o terror do meu silêncio...a dor da minha alegria
Sepultada no leito de todos os abismos...vôo para longe de mim
Sou mulher...raíz amarga da vida...sou esquecida e lembrada
Vincadas no rosto as rugas...as lágrimas...num sorriso de dor
Sou sonho e sou grito...paixão e tempestade...fim de jornada
Sou o precipício...princípio e fim...um último grito de amor
Este foi o poema com que participei no evento“A poesia ao encontro do tempo”, organizado pelo Centro de Cultura de Campos.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Não tenho palavras...estou emocionada por tanto carinho e deixo esta rosa com um beijo
Hoje...queria rosas nas minhas mãos
Hoje...queria rosas nas minhas mãos...estrelas no meu olhar
Hoje...queria rosas nas minhas mãos...estrelas no meu olhar
Palavras de amor no meu corpo...leves como pétalas de veludo
Hoje...queria andar à deriva no teu desejo...no teu (a)mar
Mas vem a noite...veste-se de grito num abraço tão profundoQuero repousar ternamente...entre as nuvens o meu cansaço
Entre afagos meu amor...seca os meus olhos cheios de mar
Hoje...meu amor...quero que sejas o olhar onde me enlaço
Hoje...queria uma voz murmurando ao meu ouvido ternamente
Hoje não quero rimas nem poemas...queria ser tua docemente
Queria apenas envolver-te nos meus doces braços de mulher
Hoje...queria calar a poesia...hoje queria apenas falar de amor
Queria inventar-me...inventar-te...prender-te nas mãos vazias
Hoje...apenas hoje...queria no silêncio esconder a minha dor
Soltar as palavras que no meu corpo gritam nas noites frias
Hoje...queria morrer e renascer...hoje queria ser rosa em botão
Queria voar além de mim e do tempo...queria ser o amanhecer
Hoje queria gritar todos os silêncios...escritos no meu coração
Queria hoje meu amor...num doce olhar...em mim te prender
Hoje...apenas hoje...queria sentir o calor da tua voz...a ternura
O tempo dentro do teu olhar...a tua mão presa na minha mão
Hoje queria apenas...o meu corpo ardente no teu...doce loucura
Queria hoje...apenas hoje meu amor...ser um instante de paixão
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
2 ANOS DE BLOGUE
Minhas queridas e meus queridos amigos.
Dois anos de blogue...661 seguidores...15.555 comentários...Nestes números está o vosso carinho...porque sem ele eu já teria desistido. estes números são vossos.
O que escrever...se em cada comentário...em cada visita que me fazem me deixam o sabor de um abraço...o carinho de um beijo...o afago da amizade que encontrei aqui e me fazem sentir PESSOA...me lembram que eu sou alguém.
O que dizer mais...faltam-me as palavras para agradecer o vazio que encheram...apenas digo que não estou tão só...que o meu coração se enche de ternura todas as vezes que sinto a vossa presença...todas as vezes que aqui chego e tenho o vosso calor a aquecer-me o coração... é como abrir a porta da minha casa.
Apenas digo OBRIGADA.
E deixo o selinho para todos e um beijinho carinhoso.
Rosa
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Ao meu corpo te chamo...
Fecho os olhos...em sonhos te chamo ao meu corpo de água
À minha cama de espinhos...aos meus lençóis de amargura
Ao meu sono inquieto...às minhas madrugadas de mágoa
Chamo-te à minha noite vazia...ao meu olhar de ternura
Sou uma pétala a entardecer...uma folha seca de Outono
Nua de mim...despida de ti...sou o que sobrou da ilusão
Uma pálida boca...um triste sorriso...despido de sonho
Silencioso grito...num corpo de mulher vestido de solidão
Comigo dorme a noite...a noite negra...o vazio dos braços
E o silêncio sufocado...e as mãos sem nada e eu sem mim
E o corpo adormecido...e a dor que me prende...os laços
E o tempo que se esvai...e este labirinto onde me perdi
Tenho as asas cansadas...o coração ferido...a boca despida
Os sonhos rasgados...os passos perdidos... o olhar vazio
O azul enegrecido...o céu tão longe...e eu de mim esquecida
E os lençóis gelados...e a pele sem ti...e a mulher com frio
Entardeci e envelheci...perdida de mim e esquecida de ser
Esperei-te era rosa...fiz-me espinho...mastiguei os cardos
Caminhei pelas pedras...chorei invernos...deixei de querer
Cantei a dor da ternura...soletrei poemas...escrevi dardos
Já abracei tantos sonhos...já escrevi tanta mágoa...já chorei
Despedi-me do amor...amordacei o desejo...parei no tempo
Afundei-me no abismo...voei no infinito...ao céu não cheguei
Voei no limbo...abraçei as trevas e dancei nua na voz do vento
RosaSolidão
RosaSolidão
sábado, 27 de agosto de 2011
Talvez amanhã...
Talvez amanhã o inverno se vá...a primavera regresse ao meu peito...a noite escura se faça enfim madrugada...talvez amanhã a claridade seja o regaço onde acorde...entre a terra e o céu...à beira do abismo...talvez encontre uma razão para sorrir...num voo breve encontre na noite um resto de sol...o luar me acaricie o rosto...e o meu olhar silencioso embale o meu sonho...a ilusão percorra o meu corpo sem deixar o gosto amargo do fel...a minha boca transforme o grito num doce e terno murmurar...talvez amanhã o silêncio do vento me cante uma melodia de amor...a dor perdida no passado seja apenas o eco de uma memória.
Talvez amanhã me consiga despedir do último sonho...da última ilusão...das últimas palavras que me ferem...sepultar a última lágrima e partir de mim em silêncio...levando a derradeira dor...e esta sensação de cansaço...apenas uma passagem...bebendo um tempo vazio...num livro que se fecha...folheado vezes sem conta...abandonado num caminho sem fim...onde não me encontro comigo...sou apenas o meu reflexo num espelho embaciado...onde vejo uma triste imagem que desconheço...uma porta que se fecha...espaço que medeia entre o infinito e a eternidade...onde já não há palavras...apenas silêncio.
Talvez amanhã consiga esquecer...apenas esquecer...plantar flores na aridez do deserto que me tem...esquecer nomes...descançar as mãos...rasgar as palavras...desprender os nós que estão presos nos meus dedos...largar as correntes...regressar a mim como quem volta ao regaço da infância...aos sorrisos dourados...aos meus olhos de madrugada...à minha pele de Maio...ao meu espelho de Agosto...e entrelaçar no meu olhar uma noite de luar...abrir a porta ao tempo...derrubar o muro...soltar as amarras e olhar em frente para não cair no abismo...tatear com passos firmes as pedras do meu caminho...talvez amanhã...volte enfim a ser dia.
RosaSolidão
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Horas mortas da madrugada...
É nas horas mortas da madrugada...que uma lágrima cai
Que o vento beija o meu corpo...que uma pétala morre
Que a noite anúncia a penumbra...onde o sonho se esvai
É nas horas mortas da madrugada...que a dor me percorre
É nas horas mortas da madrugada...que meu corpo voa errante
Que arde e sangra...ecoando acordes insanos...rasgando a noite
Chorando a vida...nas asas negras do vento...num grito lacinante
É nas horas mortas da madrugada...que vejo a sombra da morte
É nas horas mortas da madrugada...que me desfaço em pedaços
Que me escrevo e reescrevo...me rasgo...que me viro do avesso
Que sou um mar agitado...que danço uma valsa nos meus braços
É nas horas mortas da madrugada...que te lembro e me esqueço
É nas horas mortas da madrugada...que guardo a noite no peito
Que a minha alma se perde...se desnuda se sepulta...se entrega
Que é saudade e ternura...que os fantasmas se deitam no meu leito
É nas horas mortas da madrugada...que o vento me prende e leva
É nas horas mortas da madrugada...que a ausência sangra no corpo
Que se embriaga de desejo...que o desengano o veste de ilusão
Que se esquece...envelhece e anoitece...apagando a vida num sopro
É nas horas mortas da madrugada...que vejo a sombra da paixão
É nas horas mortas da madrugada...que sou o silêncio duma prece
Que as minhas mãos vazias te prendem...a minha alma te abraça
Que os meus olhos têm a cor da noite...a noite que não amanhece
É nas horas mortas da madrugada...que a dor em mim se enlaça
RosaSolidão
RosaSolidão
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Eu...não sou eu
Eu...não sou eu...sou uma luta constante entre o corpo e a razão
Uma alma insaciada...ave livre nos céus...anjo negro no limbo
Sou a morfina escorrendo dos dedos...sou o sangue da paixão
Sou a seiva do verso...boca sorvendo o veneno...fundo abismo
Eu...não sou eu...sou um poema sem rima...um verso profano
Lambo as feridas...entrego-me ao vento...banho-me na lama
Sou o eco de mim...vagando errante...resto de um amor insano
Lanço-me no espaço...voo em silêncio...qual fenix em chama
Eu...não sou eu...sou rio sem margem que transbordou do leito
Sou o trovão que anuncia a tempestade...o desejo...a maresia
Sou um corpo que não é meu...esvaziado de vida...desfeito
Sou a mão da desilusão...negro verso envolto em nostalgia
Eu...não sou eu...sou a insana procura...brisa e mar bravio
Busco a luz e envolvo-me na escuridão...sou a noite e o dia
Não nasci e não morri...passei com pressa...estagnei no vazio
Esquecida entre as pedras...percorri os caminhos da fantasia
Eu...não sou eu...sou um corpo cansado...levado pela enxurrada
Vazio de vida e prenhe de dor...entre as folhas mortas...anoitecido
Envolto em silêncio...no limbo do sonho...no fundo da madrugada
Sou a poeta proscrita...útero da palavra...um verso indefinido
Eu...não sou eu...sou a alucinação dos meus loucos pensamentos
Sou o tempo gasto...uma viagem sem regresso...infinita despedida
Tão longe de mim num corpo que se fez pó...vestido de lamentos
Fustigada pelo vento...amordaçada pela noite...sufocada pela vida
Eu...não sou eu...sou a ilusão por saciar...sou a sede do deserto
Sou a fonte a jorrar poemas...um corpo vazio em combustão
Sou o tudo e nada...o tempo e a pausa...longe do céu e tão perto
Imersa no silêncio da noite...envolta em serena e triste solidão
RosaSolidão
RosaSolidão
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Como te dizer...
Como te dizer...que hoje voltaram a correr lágrimas no meu rosto...porque hoje...voltei a lembrar-me de ti...e o céu azul escureceu...os meus olhos ficaram manchados de sal...as palavras...essas meu amor...estão marcadas pela saudade e permanecerão para sempre dentro de mim...fechadas nas minhas mãos vazias...junto com os meus sonhos...neste vazio imenso...nesta solidão que nos uniu...na distância que nos afastou...neste rio que corre triste no meu peito...no tempo que se esgota...e passa roubando-me todos os sonhos...
Como te dizer que neste amor me encontrei e me perdi...que amei a tua sombra...na paisagem escura do meu desassossego...na noite que me envolve e que é a cinza de todos os dias.
Como te dizer que apenas queria um pedacinho de céu...a luz de uma estrela...apenas uma doce despedida da claridade...aquela com que alumiaste por momentos a minha escuridão...essa que nos uniu e que permanecerá para sempre.
Como te dizer que as tuas palavras, eram a volúpia das minhas emoções...tatuadas a fogo no meu corpo...que os poemas que escorriam dos nossos dedos...eram a melodia que alimentava a nossa alma...eram a nudez que incendiava a noite...mistérios de sombra e luz...acordes perfumados de sonhos inconscientes...lirios brancos que se vestiram de solidão.
Como te dizer meu amor...que estás tatuado em mim...que a tua sombra é a minha sombra...que a minha dor é eterna...que a obscuridade do meu corpo é o teu respirar...que tu és o momento e eu o instante do meu vazio...que eu sou a ausência e tu o silêncio...que eu sou o sonho e tu a noite que me devasta e me rouba ao tempo...o fogo que me queima a alma...o mar que me escorre dos olhos.
Como te dizer que se te esquecer...me esqueço...que o meu corpo dorme exausto no chão...que dentro de mim te guardo...no silêncio das minhas mãos...no espelho estilhaçado do meu olhar...na lágrima que escorre da minha solidão...como te dizer que foste o meu sonho amargo e suave...que a ausência das tuas mãos é o silêncio com que te escrevo...a saudade onde te guardo...a escuridão onde te abraço...que o meu futuro é apenas um encontro com o frio das madrugadas de denso nevoeiro...que todo o meu passado foi uma sombra do que sonhei...uma verdade que não imaginei...um futuro que é vazio...um encontro com a noite de todas as noites...como te dizer meu amor...que morri.
Morri meu amor...morri em ti...tão cansada de mim
Fechei as portas aos sonhos...tirei a esperança à vida
Fiquei tão só...tão perdida meu amor...perdida de ti
Fui um instante...foste um momento...uma ferida
Fui gaivota por te saber ausente...procurei-te no mar
Seja eu a eterna quimera...seja eu o amanhecer da terra
Por te saber presente...parti de mim...mas desejei ficar
Fui um sonho...onda ou maresia...fui em ti flor singela
No cansaço dos dias...talvez te espere ainda meu amor
Antes de adormecer...talvez te procure...no anoitecer
Na minha solidão...talvez te procure no sorriso da dor
Talvez te espere ainda...num doce e suave amanhecer
Se ouvires o silêncio...sou eu meu amor a chamar-te
Se sentires no teu corpo calor...é o meu que te quer
Se sentires os teus olhos chorarem...sou eu a olhar-te
Se ouvires um lamento...são os meus braços de mulher
sábado, 6 de agosto de 2011
Queria escrever um poema de amor....
Queria escrever um poema...com a claridade da madrugada
Com as cores das rosas...queria um último poema de amor
Que fosse terno e eterno...com o doce aroma da terra molhada
Queria escrever um poema...que fosse o esquecimento da dor
Queria escrever um poema...sensual e triste como a noite
Voluptuoso e libertino... que falasse da solidão dos corpos
Das ilusões da vida...do vazio abismo...da sombra da morte
Queria escrever um poema... de sonhos...de sonhos loucos
Queria escrever um poema...que falasse dos olhares sombrios
Das mágoas...das angústias...dos espinhos...das rosas feridas
Dos poetas tristes...das madrugadas vazias...dos rostos frios
Queria escrever um poema...de palavras de amor sentidas
Queria escrever um poema...que falasse da chuva e do vento
Das tempestades...do inferno...do fogo da carne...do mar imenso
Dos nós cegos do destino...da escuridão das trevas...do tempo
Queria escrever um poema...sem lágrimas...infinito e intenso
Queria escrever um poema...que falasse da pele que cobre a alma
Do vazio dos braços...da nudez que cobre o desejo...da ternura
Das nuvens negras que cobrem o céu...do luar frio...da noite calma
Queria escrever um poema...que fosse o clímax da minha loucura
Queria escrever um poema...despido de memórias...vestido de vida
Do remanso das águas...do amor e dor...das mãos cheias de nada
Das casas desabitadas...dos medos...dos segredos...da flor perdida
Queria tanto escrever um poema...que vestisse de luz a madrugada
RosaSolidão
RosaSolidão
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Quem me tira esta dor...
Quem me tira esta dor...este mar que escorre do meu olhar
Quem tira do meu corpo esta lágrima...esta eterna amargura
Quem me ensina o caminho do céu...quem me ilumina o luar
Quem tira do meu rosto a noite...quem me leva esta loucura
Quem está dentro de mim...quem habita o meu corpo
De quem é a voz que me chama...que murmura e emudece
De quem são os passos...ecoando em mim um grito rouco
De quem é o rosto...que me olha...me acaricia e esquece
De quem é este nome que ouço...esta dor que me rasga
De quem é esta sombra...que na noite me visita me fere
De quem é este sangue que escorre dos dedos como lava
Quem é que mora em mim...que eu quero e não me quer
De quem fujo não sei...talvez da sombra...de mim ou da morte
E este frio que me persegue...e esta noite que em mim nasceu
E este sonho...este mar de ilusão...este ser e não ser sem norte
E este véu de eterna solidão...que no meu corpo se prendeu
Quem toca a minha pele e não a sente...quem esquece o tempo
Quem olha o meu retrato...entre a luz e a sombra...e não o vê
Quem toca as minhas mãos...e não sente a dor do meu lamento
E esta tempestade no meu peito...que me rasga como o vento
De quem são as lágrimas que me inundam...me levam a luz
Quem me sepultou a esperança...quem me rasgou o peito
Quem lavrou no meu corpo esta ausência e deixou esta cruz
De quem é esta sombra negra...que se deita no meu leito
RosaSolidão
RosaSolidão
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