sábado, 30 de abril de 2011
Restos de Outono...
Cheguei com a noite meu amor...no corpo trago restos de Outono...cheguei sem mim...procurando por ti...procurando nas madrugadas a Primavera...com cheiro de rosas e promessas de amor...para me vestir de ternura...trago os braços suspensos no teu abraço...os lábios esperando o teu beijo...estou vazia.
Os meus sonhos naufragaram...a noite desceu sobre mim...o cais está cheio de lembranças...hoje já serenas...no tempo e no espaço...sou mulher cansaço...quase nada...ilusão apenas...no meu peito pedaços de solidão...nostalgia...o meu coração tão cheio de amor...e tão só...as mãos...tristes mãos...tão cheias de nada...procuro-me na tua pele...procuro-te no meu corpo...não me encontro...não te tenho.
Trago apenas palavras...palavras de amor...amarradas no meu peito...chamando por ti...num grito amordaçado...uma prece inacabada...olhar perdido...loucura e vazio...marés sem norte...caminho entre escolhos...sem morada certa...não sei de onde vim ou para onde vou...sem estrada...sem rumo...perdi-me no caminho da solidão...trago apenas as mãos...e um amor imenso...não sei o que fazer com ele.
Na escuridão há tanto silêncio meu amor...na noite há tantas sombras...tantos gestos que nada dizem...no passar das horas...no passar dos dias...no passar da vida...a angústia de mais um amanhecer...mais um adeus no rio dos meus olhos...
Acordei chorando meu amor...chamei por ti...não te encontrei...chamei a noite...minha amante e meu algoz...eterna companheira...metade de mim é dela...a outra metade é barco à deriva...pedaços de tempo arrancados do meu corpo.
A vida é insasiável meu amor...os caminhos são abismos...marcados pelo passado...perdidos no presente e ausentes no futuro...despidas as lembranças...no crepúsculo deste Outono...que me grita que é tarde...que os sonhos são apenas memórias que se perderam de mim...alheia à vida ...espero para além do tempo...perdida na fria claridade do desencanto...na noite de todas as noites...caminho com o Vento.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Vê meu amor...
Esqueço a vida...vê meu amor...como morro lentamente
Deixei de ser menina...fiquei tão noite...vê meu amor
Como o meu corpo é rio...correndo triste...tão descrente
Vesti o meu rosto de silêncios...pintei o meu olhar de dor
Espera-me no infinito meu amor...entre o silêncio e a dor
Entre as nuvens...espera-me onde a treva não me encontre
Breve é a vida...breve a eternidade...tão breve meu amor
Envolta no regaço da solidão...espera-me amor...na noite
Tudo é ilusão meu amor...tudo é nada...tudo é dor
Tudo é cinza...quase nada...tudo é tempo e escuridão
Um breve momento...um longo tormento... meu amor
Um doloroso adormecer...nos braços eternos da solidão
Vago entre o céu e o inferno...sou uma estrela errante
Rosa negra...rio que deixou de correr...eterna noite
Rua deserta...sombra incerta...da solidão sou amante
Tempestade e ternura...e tu meu amor a vida e morte
Deixa-me só meu amor...no meu corpo sem foz
No meu rosto sem vida...deixa-me amor ficar assim
Nua de mim...distante de ti...neste silêncio sem nós
A solidão me acompanha...nesta escuridão sem fim
Há tanto lamento...tanto.. meu amor em cada lágrima
Há tantas noites frias...tantas...meu amor em cada dia
Há no meu peito meu amor...tanta dor...tanta mágoa
Há no meu olhar meu amor...tanta sombra e nostalgia
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Páscoa Feliz
Hoje...não escrevo...não choro mágoas...hoje apenas estou aqui
para lhes dizer que o vosso carinho...as vossas palavras fazem
que cada vez que entro no meu blogue seja Páscoa...que seja
sempre aqui o meu cantinho de paz e amor...de renascimento
como PESSOA.
Por isso desejo que tudo o que me dão seja retribuido em dobro,
que seja Páscoa todos os dias...que a paz e o amor vos ilumine
sempre.
FELIZ PÁSCOA.
Um beijinho cheio de carinho
domingo, 17 de abril de 2011
Podia falar de amor...
Podia falar de amor...mas dos meus dedos apenas escorre um imenso vazio...um grito tecido de ausências...entrelaçado com o tempo...um momento que é toda uma eternidade...tão breve...tão fugaz...na ilusão que se fez vacuo...na ternura que se fez solidão...as palavras que se fizeram silêncio...podia falar de mil feridas que me tatuaram a alma...de mil desertos que me anoiteceram o olhar...de uma lágrima que escorre do meu corpo anoitecido.
Podia falar do mar que recolheu os meus destroços...da profunda noite rasgando as folhas em branco...deste cantar dolente que se chama solidão...da dor dos poetas...das rosas vermelhas pousadas nas lápides de todas as palavras...uma linha em branco...toda a eternidade no fundo dos dias...onde a noite acorda e o sol adormece... uma saudade vazia...a alma e o chão onde me esqueço...o infinito onde me deito...na noite de todas as noites...estertor final de todos os corpos que se fizeram sombra de todos os instantes.
Das palavras nada restou...nem poemas...nem rimas...apenas ficaram as rosas secas vestidas de penumbra...os dias e as noites gritando o silêncio da carne...o vazio de mil vidas...percorrendo os labirintos da alma...livro onde me escrevi...princípio e fim...um poema perdido na eternidade das palavras que caiem do meu olhar.
Para além da luz...tudo é treva...tudo é cansaço...tudo é nada...os meus braços estão inertes...os gestos não têm sentido...o meu rosto está marcado por silêncios...vestido de sombras...iluminado de bruma...pisado pelo entardecer da vida...esquecido num poema por escrever.
Podia falar das minhas mãos onde repousam todos os silêncios...todos os instantes...todas as madrugadas sem mim...todos os perfumes de Primavera vestidos de Outono...arrastados pelo Vento para os confins da terra...para o deserto de todas as presenças.
Podia falar da tristeza...das pétalas que murcharam...do meu corpo morto antes da morte...despido de amor...vestido de desengano...entre a eternidade e o silêncio...mergulhado no abismo da terra fria...onde jaz tudo o que fui.
Escrevo os últimos restos...o sonho final...os últimos versos...o pano vai descer...o futuro terminou...a peça chama-se angústia...podia chamar-lhe solidão...podia chamar-lhe vida...mas chamo-lhe fim.
terça-feira, 12 de abril de 2011
Deixem-me Só....
Deixem-me só...no regaço da noite...no frio da madrugada
Nas ruas sem nome...nas vielas sem luz...labirinto sem saída
Deixem-me só...vestida de ternura...e tão triste e amargurada
Amarrada...amordaçada...nesta angustia...tão despida de vida
Deixem-me só...na bruma das palavras...no silêncio da ilusão
No anoitecer de mim...no amanhecer da terra...chorando
Deixem-me só...do lado de lá da vida...lado negro da solidão
Entre o céu e a eternidade...no limbo das sombras...vagando
Deixem-me só...vagando no vento...dilacerada...caida no chão
No vazio dos braços...no silêncio das mãos...no esquecimento
Deixem-me só...entre a pausa e o infinito...no cais da solidão
Envolta na treva...vestida com o negro véu do meu lamento
Deixem-me só...nas amarras do tempo...nos braços da morte
No abismo da escuridão...prostrada na terra fria da desilusão
Deixem-me só...no frio da alma...no eterno cansaço da noite
No silêncio profundo das lápides frias...o anoitecer da ilusão
Deixem-me só...na tempestade do meu peito...de mim ausente
Sombra apenas...soluçando a minha dor...gritando as mágoas
Deixem-me só...arrastando o cansaço...morrendo lentamente
Envolta nas trevas...volto a ser noite...vestida de lágrimas
Deixem-me só...neste grito mudo...neste Inverno sem cores
Vestida de penumbra...caminho sem rumo...perdida no vazio
Bebendo o veneno das noites...sentindo o fogo de mil dores
Deixem-me só..no meu olhar sem memória...tão negro e frio
sexta-feira, 8 de abril de 2011
O TEMPO...
O tempo corre...lento...sem destino...vazio como as letras que escrevo...rasgo o tempo...rasgando-me...desisto-ME...declaro-me morta...rasgo o amanhã...esqueço o hoje...trespasso o ontem...esqueço o meu nome...não tenho corpo...não tenho alma...não tenho tempo...a minha voz fez-se ausência...infínito cansaço...o caos...a loucura...tudo e nada...vazio apenas.
Conheço todo o tempo da palavra SÓ...toda a negrura da palavra solidão...abraço-me ao entardecer...lembrando a madrugada...deixo a noite possuir-me...amar-me...solto ao vento caricias perdidas...que no meu corpo choram...choram por mim.
Chamo-te... para me despires a solidão...para me acompanhares no meu silêncio...nos sonhos da noite...na escuridão dos dias...nas incertezas...nas amarras que me prendem...apenas pedaços de mim...que entrego ao tempo...que grito ao vento.
Sou uma folha rasgada...num tempo esquecido...querendo tocar o infínito...despir estes farrapos que me vestem...sonhar o sonho...retomar a vida que adiei...quando o sol me queimava...o luar me iluminava o rosto...ainda sem sombras...menina-mulher...quando nas das minhas mãos tinha o mundo...tinha a vida...voava na imensidão do céu azul...as minhas mãos não estavam vazias...guardava nelas o arco-irís...tocava o céu...plena de mim...era rosa em botão...onde me deixei?
Onde ficaram as flores da minha infância...os sonhos que sonhei...onde me perdi?
domingo, 3 de abril de 2011
Noite...minha amante
Noite minha amante...que voluptuosamente me abraças
Silenciosamente...te entrego meu corpo...tão cansado
Ternamente me possuis...e na tua escuridão me enlaças
Vestida de negro...choro e canto...nesta dor o meu fado
Hoje a dor me asfixia...num sorriso amargo...numa lágrima
Deixem-me chorar...quero soltar ao céu o meu lamento
Hoje o passado me doi...e o futuro veste-se de mágoa
Hoje deixem-me só...quero gritar esta dor ao Vento
Não chorem por mim...não me lamentem...triste louca
Deixem-me na treva...não toquem meu corpo sem vida
Deixem-me sem rumo...na poeira do tempo vago envolta
Caminhando entre as pedras...tão magoada...tão dorida
Sou o manto da noite...vagueio num abismo profundo
Não sei quem sou...quem fui...é na treva que habito
Calei o meu grito...amortalhei-me...cheguei ao fundo
Silenciei o meu corpo...calei a voz e morri...nada sinto
Envolta no negro manto...a ti morte...serena me entrego
No meu peito...tudo é escuridão...tudo é tristeza e nada
Neste lamento me vou...e deste mundo nem saudade levo
Entre preces e soluços...na noite deixo a minha mágoa
Vestida de brocado...negra nuvem...minha solidão
Suave sopro de vida...além da margem...além da dor
Vazios eternos...escorrem tão tristes...da minha mão
Rasgando a alma e o corpo...um triste poema de amor
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