terça-feira, 29 de maio de 2012
Sou a verdade das coisas perdidas....
Sou a verdade das coisas perdidas...sou o espinho da rosa ferida
Sou o nome perdido na raíz do silêncio...o sussurro do grito calado
Sou a mágoa derramada dum verso...sepultura das coisas sem vida
Sou a noite que não tem fim...sou a penumbra que vive a meu lado
Sou a verdade das coisas perdidas...a procura daquela que era
Sou a voz que chama o silêncio...sou pedra no meio do caminho
Sou a chama oculta na noite...sou a falsa ilusão duma quimera
Sou o punhal cravado na ferida...sou a embriaguês do destino
Sou a verdade das coisas perdidas...a mentira profunda da noite
Sou a loucura dos instantes vazios...a nuvem que esconde o luar
Sou o sepulcro profundo da vida...sou o beijo amado da morte
Sou a mão que acarícia os espinhos...sou a onda perdida no mar
Sou a verdade das coisas perdidas...sou o abismo da noite escura
Sou o inferno tatuado na pele...a escravidão submersa do amor
Sou o infinito entre a vida e a morte...sou a ilusão da ternura
Sou a treva procurando a luz...sou o sorriso amordaçado da dor
Sou a verdade das coisas perdidas...sou a fadiga dos meus braços
Sou o vendaval em mar morto...sou o sol poente na madrugada
Sou a sombra da claridade...no muro que prende os meus passos
Sou o mármore branco da paixão...onda de prazer amordaçada
Sou a verdade das coisas perdidas...sou o tempo cravado na pele
Sou um rio de águas estagnadas...murmurando os meus cansaços
Sou o fantasma do amor...sou a sombra do meu corpo de mulher
Sou a súplica da minha alma nua...sou o vazio dos meus braços
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Meu corpo despido...
Meu corpo despido...entrelaçado nos
lençois de mágoa...tão ausente e tão presente este fio que me
amordaça...este gelo que em mim fica...tão ardente e tão carente
este rio que por mim passa...carregado de ilusão de um desejo já
ardido...ateando o silêncio que desagua no cais abandonado desse
sonho já perdido...embalando a nudez desse corpo noite.
Preso nesses lençois...nas margens
desse rio que sou...procurando o teu corpo nos meus braços
carregados de ausências...vestidos de Dezembros a pesar-me nos
ombros....crepúsculos a beijar a madrugada...na ausência dos meus
lábios frementes de sal e mágoa...esquecidos dos teus
olhos...anoitecidos de sorrisos.
Permaneço esperando com o corpo preso
nos espinhos desse leito...deixo que a noite me seduza...que a
escuridão me possua...que o vento acarície os meus sonhos
adiados...o meu corpo naufragado...o meu olhar entristecido desse
barco sem destino...navegando nas águas turvas do poente...sufocado
de cansaços e de gestos sem memória...prisioneiro de
ilusões...sedento de eternidade...deserto de ternura...da noite
amante.
Nessa noite que em mim grita a ilusão
da carne...morrendo tanta vez no tempo que deixou de ser tempo...no
desejo que deixou de ser cío...nas esperas que anoiteceram as
manhãs...nas mãos que afagam o vazio...que cobrem de silêncio os
gemidos de amor que rasgaram esse corpo...que estagnaram nesse rio
por onde correm todas as mágoas...nas margens da solidão desse
corpo que foi meu e que procuro em todos os muros...em todas as
esquinas da solidão...em todas as incertas sombras que deambulam
perdidas na terra do silêncio...no gume da noite onde vagueia esse
corpo só.
Adormeço na noite gelada...abraço os
despojos de amor que guardei no lugar dos sonhos...nas margens do meu
corpo nú...banhado pelo esquecimento dos luares de Agosto...pelo
silêncio dos teus olhos distantes...pela aurora que me segreda o
gelo da noite...a respiração da ausência adormecida nos meus
braços...a espera tatuada no meu corpo...prenhe de volúpia
esquecida nos lençóis de mágoa na solidão da madrugada...espectro
onde se abriga a nocturna ilusão do tempo...labirintos
inquietos que percorro na gélida noite...invísível sombra onde se
escondem os meus fantasmas...penumbras sem nome nem rosto que
vagueiam no meu sono...sem gestos...sem palavras...soturno abraço
envolvendo os delírios desse corpo morto.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Canto nos meu versos...segredos da pele
Canto nos meus
versos...restos de auroras...giestas em flor
Entre a sombra e a
escuridão...escrevo a mágoa e o pranto
Gritando silêncios
profundos...escrevo a renuncia e o amor
Descrevo a sangue a cor da
noite...vestida de negro manto
Canto
nos meus versos...a minha planície...a doce planura
O
ventre da terra...o ondular das searas...o eco da solidão
O
sargaço das horas mortas...a insónia da noite...a ternura
O
meu corpo de menina... raizes profundas do meu chão
Canto
nos meu versos...o som do silêncio por dentro da noite
A
solidão da carne...o pranto das rosas...à luz do entardecer
O
despertar da Primavera na voz do vento...a água da fonte
A
tristesa duma lágrima perdida...no meu corpo a adormecer
Canto
nos meus versos...este rio sedento que corre em mim
Soluçando
o amor...num canto qualquer...duma rua escura
Na
melancolia triste dos dias imensos...das noites sem fim
No
limbo dos meus sonhos perdidos...bebendo a amargura
Canto
nos meus versos...o silêncio das rosas...a sombra da lua
O
corpo despido...envolto nos lençóis de mágoa da madrugada
Carregado
de ilusões de um desejo já ardido...na noite tão nua
Embalando
a nudez desse corpo noite...dessa chama apagada
Canto
nos meus versos...murmúrios de vento..segredos da pele
Efémeras
memórias de noites de sol...que prendi na minha mão
Sonhos
e devaneios que o corpo gritou e louca escrevi no papel
Perdida
e liberta...canto no meus versos...do amor a solidão
segunda-feira, 7 de maio de 2012
A solidão do poeta...
A solidão do poeta...está aquém do
amor...além da vida
Por companhia... apenas o corpo e mil
anos de abandono
A eterna negridão da noite...a fria
solidão e a alma ferida
E os abismos...o inverno e o
inferno...o pesadelo do sono
O poeta beija a noite...em silêncio
chora e canta os amores
Em prosa e versos se despe...grita aos
céus as suas mágoas
Numa prece em silêncio...chora em
segredo todas as dores
O vento açoita-lhe a alma...o mar
guarda-lhe as lágrimas
Só o
poeta espera...tristes e perdidos sonhos de primavera
Que a
escuridão da noite ilumine...o seu rosto de pedra fria
Nos cílios de violeta há um resto de ilusão...uma quimera
No
seu corpo amargurado...espera que a noite se faça dia
No peito do poeta...mora a
eternidade...amor e desilusão
Em cada verso um infinito de dor...um
oceano de ternura
Nas mãos o poeta prende uma rosa...nos
dedos a imensidão
Na boca guarda um poema...no coração chora a amargura
Pelos trilhos do silêncio...o poeta caminha eternamente
Aos sonhos acena um adeus...à escuridão diz bom dia
Pobre poeta...canta seus versos ao vento...tão docemente
Envolto no manto negro da noite...vaga na treva em agonia
Escreve palavras nuas...esvazia a alma...embriaga-se de ilusão
A morte é o limite...com as mãos em cruz chama a eternidade
Na sombra dum poema...escreve a sangue a sicuta da paixão
Louco poeta...voa entre a luz e a treva...vestido de saudade
domingo, 6 de maio de 2012
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