Quando eu morrer...quero repousar na minha planície dourada
Num manto de rosas vermelhas...deixa o meu corpo descansar
Rasga os silêncios e envolve-me num doce manto de alvorada
Deixa-me enfim meu amor...voltar ao meu Alentejo sem mar
Quando eu morrer...em branca espuma minha alma vagará
Vazia sombra...beijo de mar e pranto...eco da minha saudade
Porque demoras tanto brisa suave...doce vento que me levará
Quando um dia partir...pousa leve no meu corpo a eternidade
Quando eu morrer...cobre o meu rosto com o véu da saudade
Deixa nas minhas mãos um afago...no meu corpo rosas e lírios
Envolve-me num poema que fale de amor...de céu e eternidade
Deixa nos meus braços os sonhos...pedaços dos meus martírios
Quando eu morrer...ninguém fale da minha solidão...da dor
Vai para a terra comigo envolta na negra noite...no fim do fim
Vestida de saudade e de sonhos voarei no regaço frio do amor
Num corpo que não me pertenceu...volto ao lugar donde parti
Quando eu morrer...as minhas asas serão de sonhos e paz
Será de mármore o meu olhar...perdido no tempo...no nada
Levarei os meus anseios que deporei onde o meu corpo jaz
De alma nua partirei serenamente nos braços da madrugada
Quando eu morrer...volto à luz...volto ao pó...volto ao nada
Liberto e sereno vai repousar meu corpo enfim na terra fria
Fui uma sombra que pelo mundo passou triste e amargurada
E quando de mim nada mais restar...procurem-me na poesia
Rosa Maria (Maria Rosa de Almeida Branquinho)