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segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Entrelaço nas minhas mãos as minhas mãos!


 Entrelaço nas minhas mãos as minhas mãos...cravo as unhas no vazio e escrevo a sangue o meu corpo. Dedilho em silêncio um fado de amor e mágoa e desfolho as rosas que são os despojos da minha ilusão. Resquícios de Primavera na penumbra do entardecer...no crepúsculo do meu corpo a anoitecer...do meu rosto a envelhecer. Lago sereno onde a vida naufragou num sonho dolorido de espuma e sal.

Entrelaço as minhas mãos na minha sombra...na minha triste sombra e cinzelo no meu rosto um sorriso breve...uma transparente nostálgia...um derradeiro grito à vida que se esvai num tempo sem idade de instantes efémeros que me levam a lugares antigos...corredores de silêncio por dentro de mim onde me sonhei princesa quando a noite ainda não era noite e o luar beijava o meu corpo e de mar não eram os meus olhos. Quando ainda a brisa beijava o meu rosto e o meu olhar tinha o brilho do amor.

Entrelaço as minhas mãos no tempo e caminho sem mim pelos labirintos errantes da noite...pelas silenciosas vielas da alma...pela escuridão que beija o meu corpo...reinventando a vida e escrevendo a alma...nua.

Entrelaço nas minhas mãos os sonhos que deixaram de ter asas...os meus braços que deixaram de ser afago e nos meus dedos prendo uma lucidez amarga de um sonho que se desfez...o meu pensamento sabe a sal e solidão.

Entrelaço no meu rosto sorrisos feitos de chuva...no meu corpo tempestades e anseios...nas minhas mãos o gelo dos dias e nos meus braços a solidão das noites...nos meus dedos o sangue com que me escrevo...o silêncio onde me sepultei...as pedras por onde caminho...o deserto onde me procuro.

Entre o riso e a lágrima toquei a noite e embalei nas minhas mãos o silêncio...escrevi o vazio com a pena da mágoa e desenhei no meu corpo murmúrios de vento.

Há momentos que se entrelaçam como se fossem duas sombras a dançar uma melodia de amor!


Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )





quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Meu corpo foi campo em flor!


 O meu corpo foi botão de rosa...seara ardente...campo em flor

Hoje é uma melodia de saudade em folhas de Outono envolto

Gemendo docemente em silêncio uma triste melodia de amor

Branca e fria tela...vestindo de tristeza os traços do meu rosto


O meu corpo é uma tempestade feita de vento e mar bravio

Silenciosamente e em lamento escorre a chuva do meu olhar

Entregue à noite...sou uma nuvem negra flutuando no vazio

Sou o que de mim restou...errante sombra no tempo a vagar


O meu corpo espera na noite...espera no limbo duma verdade

Envolto nas cinzas da ilusão espera em silêncio anoitecendo

Cansado de sonhar trocou a vida por uma gota de eternidade

Esperando...esperando sempre...no leito da ilusão morrendo


O meu corpo é uma noite em Dezembro...uma folha rasgada

Ardendo na solidão do tempo...na sombra negra da saudade

Triste e sombrio é dor e ternura...uma ténue chama apagada

Submerso na escuridão...vaga entre o infínito e a eternidade


Sobre o meu corpo adormecido...a ausência derramou rosas

No branco lençol amargurado do meu leito...cinza dum sonho

Na minha sepultura deixa meu amor flores negras vaporosas

E sente meu amor na tua pele os últimos suspiros de Outono


Arrasto o meu corpo pelas calçadas da vida...não sei se existo

Nem o que persigo...nada sei de mim...nem meu rosto conheço

E já nem sinto a pele que cobre os farrapos com que me visto

Não...não sei se estou morta ou viva...se sou fim ou começo


Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )