No silêncio da minha planície...procurei por mim...pelas flores
Encontrei as fitas...os laços de cetim...encontrei-me e não me vi
Senti o aroma do rosmaninho...o cheiro da terra e tantas cores
O reflexo da menina...espelho da mulher que no olhar adormeci
No silêncio da minha planície...procurei o meu rosto de alvorada
A casa onde nasci...os sonhos que lá deixei...o espelho do olhar
O luar que banhava o meu corpo...as rosas que deixei no tempo
Envolta na brisa suave...procurei-me no meu Alentejo sem mar
No silêncio da minha planície...nasci rosa...de seda vestida
Escrevi o primeiro poema...vivi o primeiro sonho...a ilusão
Fui sol nascente...manhã de primavera...perfume de verão
Fui o vento sul...fui aroma de poesia...fui o sorriso da vida
No silêncio da minha planície...eram breves as noites os dias
Cálidas as lembranças...doce e infinita a mão que me afagava
Cabelos ao vento...era o canto e a melodia...sonhos e fantasias
Era o Agosto de um poema...onde me esquecia e me encontrava
No silêncio da minha planície...fui ave inquieta...vagando no céu
Fui a rebentação das águas...sereia sem mar...bela papoila rubra
O ondular das searas...giesta agreste...pedaço de terra...outro eu
Fui flor silvestre...rosa em botão... menina vestida de espuma
No silêncio da minha planície...sonhei um sonho sem idade
Fui pássaro livre na imensidão...a minha casa era a esperança
Fui pétala de rosa...flor de alecrim...no meu sonho fui saudade
Fui o sorriso de uma noite de verão...nesse sonho fui criança