De dor em dor..escrevo-me e descrevo-me...desnudo a alma
Grito em silêncio...semeio palavras raízes que lanço ao vento
Colho a amargura...bebo a solidão e mastigo a minha mágoa
Morrendo em cada anoitecer vai por mim passando o tempo
Quando enfim adormecer sonharei com amores enluarados
Com moribundos desejos...os braços e os abraços sem nós
A minha boca na tua...o frio...os gestos no corpo sufocados
A urgência da vida...a sombra da morte num grito sem voz
Apenas o murmúrio do vento me sente...meu corpo desperta
Na penumbra onde me perdi no desvario onde me inventei
Nos suspiros que o tempo gastou na solidão que me enfeita
Na despedida do amor nos caminhos onde não me encontrei
Despi o azul da minha infância vesti meu olhar de solidão
Envolvi-me nos meus braços...esperei em silêncio por mim
Guardei os restos de quem fui...pedaços de sonhos e ilusão
Quebrei o espelho e no meu rosto procuro onde me esqueci
O Outono varreu as ilusões...levou-me do amor a emoção
Apenas deixou este amor infinito que ainda arde em mim
Este vazio...esta saudade...esta ternura abraçando a solidão
E no meu corpo amordaçados os sonhos que para ti esculpi
Tudo já perdeu o sentido...as tuas palavras já emudeceram
A noite vestiu-se de negro cetim...meu corpo despiu-se de ti
O fogo da minha boca gelou...os cabelos embranqueceram
Hoje...decidi não sentir mais nada e de penumbra me vesti
Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )