A maldição do poeta são palavras pedra na sua existência
Numa louca procura...uma triste lucidez vestindo a quimera
Nas vielas da solidão bebem o trago da sua própria demência
Afortunados os poetas que morreram quando era Primavera
São gemidos de agonia a voz do poeta...ecos mudos de dor
Rasgando dolorosamente a pele ferida pelo beijo da solidão
E embalando suave e docemente todos os sonhos de amor
Todas as pétalas de rosa e todos os espinhos presos na mão
De negro se veste a alma do poeta...negro da cor da noite
Da noite que não amanhece...das sombras que o perseguem
Como uma andorinha perdida esvoaça sem rumo e sem norte
Desenhando no céu cinzento os poemas que o enlouquecem
Pinta os sonhos da côr da esperança e mergulha na escuridão
Como uma gota de nada...uma alma sem corpo...olhar sem luz
Uma sombra sem espaço nem tempo...sem amor e sem ilusão
Triste poeta esquecido da vida...carregas pesaroso a tua cruz
Vai esculpindo na pedra dura os poemas de amor por escrever
Como quem procura na luz da eternidade o sentido para a vida
Como quem procura na morte..esse poema ainda por nascer
Agrilhoado pelo amor que não ficou...para sarar a sua ferida
É um colar de silêncio as sombras do poeta...nevoeiro imenso
Gaivota ferida de asas cansadas voando para o lugar do nada
Vagabundo da noite derramando lágrimas sabendo a incenso
Erra de mãos vazias pedindo amor no regaço da madrugada
O poeta tem a alma exausta...o coração em chaga...quase morto
Preso entre o crepúsculo e a alvorada...abre as asas à imensidão
Procurando o inalcansável infinito...voa como um pássaro louco
Bebendo o cansaço das noites...pelas vielas imundas da solidão
Rosa Maria (Maria Rosa de Almeida Branquinho)