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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Tristemente calmo...



Tudo está calmo...tristemente calmo...uma paz doída...as lágrimas gelaram...o outro lado de mim petrificou...já não há mágoas e as feridas secaram...como o meu corpo...já não choro porque nada acontece...a meu lado dorme a ausência e um amargo travo de solidão.
O meu pensamento está vazio...tristemente vazio...não vivo e não morro...apenas estou...fujo de mim e procuro-me...espero-me e escondo-me dentro do nada...quero correr até ao outro lado da vida para me libertar dos dedos frios do silêncio...esquecer-me...perder-me para renascer...seguir comigo para longe de mim.
Tudo está calmo...na paz da eternidade para onde quero voar...na poesia que hoje tem o gosto do deserto que me envolve...apenas um gemido de palavras esquecidas...de sonhos envoltos na escuridão serena das trevas...nas madrugadas que são as sobras das noites vestidas de ausência...nada acontece...um frio gélido de morte envolve um suspiro de amor esquecido no tempo...nos lençóis frios tecidos de amargura...rasgando a carne...na noite onde a solidão é mais solidão...na eternidade da minha procura...no silêncio onde descansa a minha alma.
Tudo está calmo...tristemente calmo...e eu ainda existo...a noite é minha...infinitamente minha...dolorosamente minha...presa no meu corpo...dolorosamente só...num voo eternamente solitário...como um beijo que trago na pele...uma lembrança que o vento me tráz...mas nada acontece...e eu deixo-me ficar assim...perdida entre os restos do que fui...e o fantasma do que sou...um rosto enevoado pelo espelho do tempo...pelo Outono da vida...e ainda cá estou...presa entre o gesto e as mãos...na renúncia sem retorno...entre o abismo e a imensidão...onde repousa a sombra do que sou...na noite imensa que me espera...onde não acontece nada.
Há em mim um jardim de espinhos...que silenciosamente afaga o meu corpo...como um leve beijo de tristeza...entre os instantes em que não acontece nada...na penumbra deste entardecer...onde repousam os meus restos...no abismo dos meus passos...junto à campa onde me espero...no esquecimento onde não me encontro...



quarta-feira, 25 de maio de 2011

Quero Dizer-te...


Quero dizer-te que sou uma estrela errante...um sonho perdido
Sou a lua solitária que escureceu...parei o tempo...esqueci a vida
Nem mesmo a luz do sol meu amor...apaga este sorriso entristecido
Quero dizer-te que no silêncio dum olhar...há uma saudade sentida

Quero dizer-te que há um céu infinito...um cansaço indefinido
Uma sombra incerta...um silêncio profundo...uma noite despida
Caminha comigo...dorme comigo...no leito de espinhos vestido
Quero dizer-te que há no meu corpo um poema...uma rima perdida

Quero dizer-te que flutuo entre as nuvens...além de mim
Num vazio sem memória...num espaço sem luz envolta na dor
Não sei se estou viva...ou se a eternidade já me afastou daqui
Quero apenas dizer-te que te vou esperar...no céu meu amor

Quero dizer-te que em mim se fez noite...o olhar escureceu
Fez-se estrela cadente...rio que transporta a minha mágoa
Silêncio infinito...profundo abismo...onde a vida adormeceu
Quero dizer-te que das minhas mãos...escorre uma lágrima

Quero dizer-te que fui roseira em flor...fui céu azul e fui mar
Hoje sou o crepúsculo da vida...eterna sombra vagando na noite
Caminho com o vento...à beira do abismo...cansada de caminhar
Quero dizer-te que sou espera...infinito finito...esperando a morte

Quero dizer-te que sou a distância...o fim do fim...eterno abraço
Gritando em mim...o silêncio da pele...gosto amargo da solidão
Nuvem negra que me envolve...negra sombra em que me enlaço
Quero dizer-te que o meu sangue...é a tinta negra da desilusão

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ouve o silêncio meu amor...


Ouve o silêncio meu amor...escorrendo das minhas mãos vazias...tatuado na minha pele...escrito nas palavras de amor que ecoam no tempo...nos braços que são vagas silenciosas e adormecidas...no chão onde ficaram pedaços do meu caminho...restos de sonhos...tristes e cinzentos...renúncia de amor.
Deixa meu amor...que o meu corpo se rasgue no inevitável passar do tempo...no vazio da solidão...entre as páginas vazias dos dias...entre o céu silencioso das noites...nas brumas que encobrem as madrugadas...no grito murmurado no silêncio de um olhar.
Não digas nada meu amor...não acordes o silêncio...deixa-me esquecer o nada que resta de mim...deixa-me apagar o ontem...o hoje...deixa-me guardar o teu sorriso...acreditar que a lua existe e que o sol és tu...deixa-me escrever um poema de amor...ser uma flor na tua boca...uma rosa a perfumar o teu olhar...o sorriso de uma lágrima...a alma onde te deitas e descansas...o corpo que é a tua casa...a madrugada onde te perdes...o oceano de amor que nos afasta...deixa-me ser um amor eterno.
Na ausência dos teus braços...deixa-me repousar meu amor...apenas vestida de silêncio e despida de ilusão...no meu corpo sem gestos...nas minhas mãos vazias...deixa-me morrer envolta em mim...entre o amor e o inferno...um encontro perfeito entre o corpo e a alma...um adeus sem palavras...na ausência da minha presença...entre o céu e o infinito...deixa voar o meu corpo...nesta noite imensa cheia de nadas e vazia de tudo...deixa que te leve dentro do meu sonho...entre as minhas recordações...envolto na solidão do meu corpo...nos destroços do que fui...na ternura do que sou.
Deixa-me levar-te no fundo de mim...vestida de noite...vagando na voz do vento...na terra adormecida...no silêncio de uma lágrima...no tempo que é noite...neste abismo profundo...nesta tempestade que me escorre do peito...deixa-me meu amor no sono partir...no sonho voar...sem rumo e sem medo.
Deixa-me pedir perdão à vida por querer amar...à noite por querer ser madrugada...às horas por querer viver...e ao vento por querer voar.


Procura-me...na minha sombra...na outra margem de mim
No rio do meu corpo...encontra-me no outro lado da vida
Não me percas...não te percas...não me adormeças em ti
Prende-me no teu olhar...dá-me a tua mão em despedida

Tenho no olhar pétalas de rosas...no corpo dores e mágoas
Nas mãos tenho sonhos desfeitos...nos braços cinzas e dor
Nos meus lábios tenho silêncios...vazios e tantas lágrimas
Nesta presença que é ausência...ficaram despojos de amor

Há um grito...ecoando dentro de mim...tão profundo
Sem princípio nem fim...vive no meu peito amordaçado
É silêncio vão...é numa lágrima...todo o peso do mundo
É o pulsar deste amor...solidão do tempo vestida de fado

No fundo do tempo...há um sol que me foge...que escurece
Na profunda noite...no limite da vida...outro lado de mim
As minhas penas...são restos de Primavera que anoitece
São o meu rosto e o meu corpo...caminhando para o fim

sábado, 14 de maio de 2011

Desvenda-me...


Desvenda-me...pétala amargurada...morrendo lentamente
Sou da noite o fantasma...sou da madrugada a escuridão
Olha-me...sou o teu silêncio...a que te chama docemente
Desvenda-me...sou sol e chuva...o inverno duma paixão

Desvenda-me...sou amor...sou amante...renúncia e desejo
Olha-me...sou a luz e a sombra...sou um grito de saudade
Desvenda-me...mar e tempestade...a ternura de um beijo
Na profunda noite...toma-me...sou uma gota de eternidade

Desvenda-me...no vazio dos meus braços..enlaçando o céu
Tocando o inferno das almas...abrigo das minhas mágoas
Desvenda-me...em cada poema...em cada palavra sou eu
Primavera anoitecida...negra nuvem chovendo lágrimas

Desvenda-me...sou eu...amor e dor...céu negro e inferno
Olha-me...sou o mar dos meus olhos...sou o sol a morrer
Segredos e medos...cinza e fogo...sou um amor eterno
Desvenda-me...sou ternura e tristeza...sou o entardecer

Desvenda-me...sou uma gota de vazio...a lua entristecida
Olha-me...sou o que escrevo...o teu eterno amanhecer
Sou um corpo adormecido...uma última gota de vida
Desvenda-me...sonho e pesadelo...uma rosa a morrer

Desvenda-me...sou mulher e menina...tristeza e ternura
Lê-me em cada palavra sou eu...sombra e sol...noite e luar
Estou nas entrelinhas de cada letra...emoção e amargura
Sou paixão e desejo...sou tempestade...sou vento e mar

Desvenda-me...despe-me o negro vestido da desilusão
Olha-me bem fundo...guarda do meu rosto uma lágrima
Desnuda-me...veste-me meu amor o vermelho da paixão
Desvenda-me...sou o lamento dum fado vestido de mágoa

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Entardeci...


Entardeci meu amor...as minhas lágrimas são apenas murmúrios...os meus poemas são rascunhos a preto e branco...as rosas que foram desejo...essas meu amor enegreceram...o amor perdeu-se nos caminhos vazios...na distância das mãos...na longura dos braços...no silêncio de um olhar...nas pétalas que não perfumaram a cama feita de sonhos...na madrugada que não floresceu...na noite que não nos encontrou...no perfume dos corpos que não se misturou...na ternura do toque que ficou preso nas mãos vazias...no beijo que arrefeceu nos meus lábios...perdido na minha pele.
Entardeci...adormeço com a solidão...guardei no coração todas as lembranças...no meu corpo todos os desejos...no meu regaço todos os silêncios...na minha alma todas as palavras...todos os sonhos...num abraço de eternidade.
Entardeci...no meu corpo tenho pétalas caídas...amarelecidas...suspiros de prazer envelhecidos por mil anos de abandono...dentro de mim trago o cio da terra...onde todas as flores morreram...tocadas pelo frio das minhas mãos...pelo gelo das minhas lembranças.
Entardeci...a dor secou...agora é uma lembrança suave...um silêncio vestido de noite e solidão...um sonho despido de ternura...inventado nos meus dedos...na outra margem do meu corpo...no ontem de mim...no outro lado da vida
Entardeci...no meu peito tenho restos de amor...ilusões adormecidas...eco perdido de um rio que deixou de correr...lembranças dum cais onde a Primavera ficou esperando...arrastada pelo vento...como um adeus sussurrado na noite...caminho vestida de brumas.



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Chove-me no olhar...


Chove-me no olhar...o silêncio inunda-me...imenso...avassalador
Sou rio que não encontra leito...lágrima que não encontra mar
Escorrem-me do corpo versos...versos que fiz para ti meu amor
Visto-me de ausências...escrevo vazios na bruma do meu olhar

Chove-me no olhar...são restos deste amor...água deste rio
Calma e silenciosamente...rola do meu corpo uma lágrima
Da minha boca escorre uma súplica...dos meus braços o vazio
Vestida de solidão...grito ao tempo e ao vento esta mágoa

Chove-me no olhar...cobre-me o rosto a noite...a noite sem fim
Quem me tira esta dor...este soluço que escorre do meu peito
Quem me ensina o caminho...que me leve para fora de mim
Quem me tira este cansaço...sabor amargo do meu tormento

Chove-me no olhar...preso nas minhas mãos o esquecimento
Escrevo silêncios...com sangue que escorre dos meus dedos
Palavras mudas...linhas incertas...folhas arrastadas pelo vento
Calam-se os medos...gritando no meu corpo todos os segredos

Chove-me no olhar...a dor já não é dor...é eterno lamento
Caminho na noite entre escolhos...vestida de desencanto
As estrelas emudeceram...o céu azul...ficou tão cinzento
Solta-se das mãos este silêncio...mar vestido de pranto

Chove-me no olhar... profundo abismo...onde mergulhei
Despida de mim...esperei em silêncio...esperei o amor
Tombei...debati-me nas vagas do meu peito...naufraguei
Mergulhei no mar e fui onda...envolta nos braços da dor