terça-feira, 24 de setembro de 2013
MORRESTE EM MIM...
Morreste em mim...morremos
um no outro tão ausentes
Assistindo à minha morte
e brindando com cicuta à solidão
Como um pássaro cativo
lanço à terra as minhas correntes
Sem saber quem sou ou se
existo...se sou real ou só ilusão
Morreste em mim...e eu
continuo morrendo em cada noite
Sem saber por onde
caminhei...tão perto e tão longe de ti
Com o coração entre as
mãos e o corpo afagando a morte
Adormecendo a noite que se
deita comigo...vazia de mim
Morreste em mim...deixei
de esperar por uma noite de amor
Que me gelou o corpo que
foi lume...sangue que foi paixão
Orgasmo que foi
desejo...escorrendo do meu corpo em flor
E hoje é o lugar sombrio
que tu habitas...apenas recordação
Morreste em
mim...tristemente como uma noite sem braços
Tocando dolorosamente a
minha pele...sedenta e abandonada
Onde adormeceram as tuas
mãos e nasceram os meus cansaços
Foi aí que morreste em
mim...no frio que habita a madrugada
Morreste em mim...num
lugar sombrio em que estás sem estar
Nas rosas que me deste
cobertas de espinhos e perfume de dor
Neste silêncio que nos
une...no tudo que me deste sem me dar
Nas noites em que morri em
mim...solitária e prenhe de amor
Morreste em mim...quebrei
as correntes...cumpri a minha pena
Deixei que as folhas
mortas do Outono cobrissem o meu leito
Envolvi-me com o vestido
vermelho do amor e esperei serena
Que as rosas que me
adornaram voltassem a florir no meu peitosexta-feira, 6 de setembro de 2013
Caminho sem mim...
Caminho
sem mim na tarde que agoniza...na noite que me espera e como um
amante me enlaça...doce e gélida como as paredes brancas deste
quarto onde apenas o meu corpo habita...só o meu corpo porque a
minha alma já partiu na procura de uma eternidade silenciosa onde me
deite e adormeça serenamente.
Caminho
lentamente na quietitude deste Outono por entre as cinzas da
memória...uma sombra perdida no escuro como uma voz sem eco...um
olhar sem luz...perdido num horizonte de dor e solidão onde guardei
toda a ternura das noites insones onde o amor não amanheceu.
Caminho
sobre os meus sonhos bordados com a pálida luz da ilusão e rasgados
em noites de penumbra onde em silêncio espero talvez o sorriso das
cinzas que cobrem o meu corpo e comigo adormecem como fantasmas que
se esfumam no ar como se fossem farrapos dos meus sonhos...pedaços
adormecidos de mim.
Caminho
no fundo do tempo por entre as sombras que me prendem à terra onde
vou apagando os meus passos e morrendo tanta vez em cada passo que
dou...em cada folha amarelecida que piso como se pisasse a
vida...como se caminhasse sobre o abismo.
Caminho
lado a lado com o silêncio na noite inesgotável e infinita que se
deita sobre o meu corpo num gemido magoado como se fosse uma melodia
de amor...um breve momento em que parto de mim e voo como se tivesse
asas...como quem procura um céu onde repousar apenas por um
instante...como se as nuvens fossem lençóis de rendas onde queria
deitar o meu corpo para uma noite de amor...como se o tempo fosse
eterno.
Caminho
como se me procurasse por entre a bruma...num lugar perdido dentro de
mim...um lugar árido e frio como as flores moribundas que carrego no
meu corpo sem uma gota de amor para sobreviver...sem um pedaço de
ternura para me aconchegar...sem um afago que me deixe enfim
adormecer nesse céu longínquo para onde desejo voar.
Caminho
por entre pedras pontiagudas e giestas bravas como se caminhasse
distante de mim... como se me libertasse da minha alma...como se
procurasse o meu próprio rosto...como se não sentisse o meu
corpo...como se o meu coração tivesse parado e dos meus olhos se
desvanecesse a luz e apenas a escuridão iluminasse esse caminho por
onde quero seguir até encontrar o lado de lá da vida...o lado final
do tempo onde o céu é infinito e tudo o que me vestiu será
eternidade.
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