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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Deixem-me gritar ao vento...


Deixem-me derrubar muros...gritar ao vento a minha vontade
Ser mulher e ser amante...vestida de cetim...ser luar de desejo
Deixem-me escrever um poema sem regras...amar sem idade
Adormecer nos meus lábios o teu corpo...inventar a eternidade

Deixem-me soltar este amor que me prende...que doi e magoa
Hoje quero gritar...estravasar o fogo que o meu corpo consome
Deixem-me soltar ao vento este anseio...esta sede...esta fome
Ser mulher sem amarras...saciar o desejo que em mim ecoa

Deixem-me dizer que quero...que desejo...que sou urgência
Que quero o beijo que me queima...o corpo que me chama
Deixem-me gritar bem alto...soltar os diques desta demência
Despir-me desta pele...envolver-te nesta boca que reclama

Deixem-me soltar os sonhos que calei...os desejos que amordacei
O amor que não fiz...os beijos que não dei...os braços sem mim
Deixem-me ser a perdida...nas vielas escuras onde me inventei
Na noite onde me enclausurei...me chorei...na mágoa que bebi

Deixem-me ser desejo e loucura...confundir o dia com a noite
Dizer que estou aqui sem hora marcada...ser mulher sem tempo
Deixem-me inventar-me e perder-me...caminhar  sem norte
Ser anjo e demónio...morrer e renascer...sem dor nem lamento

Deixem-me desprender das mãos os sonhos...no infinito voar
Escrever desejos no meu corpo...despir-me dos meus cansaços
Deixem-me falar da solidão onde anoiteço...do amor por amar
Dos meus medos...dos segredos...da ternura dos meus braços

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

HOJE VENHO DEIXAR UM CONVITE



Pela primeira vez um poema meu vai estar entre as folhas de um livro “Antologia de Poesia Contemporânea “Entre o Sono e o Sonho Vol.III” a convite de Gonçalo Martins através da Chiado Editora e que muito me honrou.
O lançamento será dia 25 de Fevereiro, pelas 15H30 na sala Zeno Louge do Casino Estoril.

Deixo um beijinho com carinho por todo o apoio e carinho que me deixam em cada visita...Obrigada por fazerem parte da minha vida...Queria abraçar-vos e deixo o convite.
Rosa

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Vagueio...



Vagueio nas veredas do sonho...caminhos tristes da saudade
Quimeras afogando a noite...e a escuridão rasgando a pele
Rochas rompendo a carne...tempo esperando a eternidade
Nos lábios sabor a sal...no corpo esquecido...sabor a fel

Vagueio nas veredas do sonho...perdi as pétalas pelo caminho
Perdi a ilusão na dor...amareleci com o tempo pisada no chão
Despojada de mim...sou a lágrima que cai...da rosa o espinho
Que queima a alma...que doi no peito...que é gole de solidão

Vagueio nas veredas do sonho...sou terra árida...mãos vazias
Sou uma manhã de ausência...sou a noite que não tem fim
Sou a esquina onde desenho...um triste olhar na escuridão
Perto de mim e tão longe...do caminho onde me esqueci

Vagueio nas veredas do sonho...passei só ao lado da vida
Perdi-me na escuridão do tempo...nas águas turvas do amor
Nas memórias de outro eu...cinzas do meu corpo sem guarida
Arrastado e ferido pela tempestade...morto e sepultado pela dor

Vagueio nas veredas do sonho...invento-me na fria madrugada
Papoila rubra solta ao vento...campo agreste...um resto de mim
Talvez a sombra da vida...outro lado da morte...na dor sepultada
No amor que inventei...nos braços vazios do sonho que não vivi

Vagueio nas veredas do sonho...fiquei na outra margem do rio
Na ausência de mim...na terra revolta do chão dos meus passos
Na cama vazia...no anoitecer da ilusão...no passado morto e frio
Do presente rasgado e desfeito...envolto no vazio dos braços

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Morri ontem meu amor...


Morri ontem meu amor...vesti de cinza o meu corpo noite
Percorri os farrapos dos meus sonhos...amordacei os gestos
Vesti o olhar de estrelas cadentes...tentei enganar a morte
Prendi nas mãos a penumbra...caminhei sobre os meus restos

Morri ontem meu amor...docemente fechei as mãos ao cansaço
Caminhei sem mim...serena deixei correr todas as lágrimas
Adormeci no esquecimento...perdida entre o tempo e o espaço
Despi da noite o luar...desfolhei as rosas...bebi  as mágoas

Morri ontem meu amor...o crepúsculo venceu a madrugada
Meu olhar tocou a mágoa...o meu corpo frio afagou a morte
Enlaçou nas mãos a eternidade...caminhou rumo à alvorada
Despido de ternura...adormeceu sereno nos braços da noite

Morri ontem meu amor...tão cansada de ser...tão nua...tão noite
Tão perdida de estar...tão ausente de viver...tão despida de sentir
Folha solta ao vento...nuvem negra vagando na sombra da morte
Por entre rosas...por entre cardos...deixa-me meu amor partir

Morri ontem meu amor...despida da dor que me cobre o corpo
Perdida dos sonhos que teci...rasgando os silêncios que gritei
Num tanger de viola...num sussurro quase mudo...quase rouco
Na minha alma quase branca...na eternidade que esperei

Morri ontem meu amor...no aconchego do teu corpo ausente
Envolta na solidão...ficou a lembrança duma lágrima perdida
Poisa em mim a noite...a noite negra...tangendo um canto dolente
Num murmúrio em silêncio...chamo por mim...choro pela vida

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Perdi os sonhos...



Perdi os sonhos...feri as asas e deitei-me ao lado da noite
Bebi sózinha goles de tristeza...embriaguei-me de escuridão
Em silêncio me virei do avesso...em segredo chamei a morte
Na Primavera deixei a vida...no Outono me vesti de solidão

Amortalhei o corpo...adormeci os sentidos...parti sem mim
Fechei os braços...esqueci os abraços...fui da rosa o espinho
Tranquei as escadas...amordacei o amor no peito...entardeci
As mãos desfizeram-se em pó...o negro pó do meu caminho

O meu olhar é uma sombra na noite...vestido de violetas
Caminha alheio...de dor em dor...de esquina em esquina
Sem rumo e sem luz...em cada recanto a dor o espreita
Vestido de bruma...é misteriosa noite por entre a neblina

A dor já não é dor...os braços não são asas...a boca sabe a sal
As minhas mãos são folhas mortas...galhos secos de Outono
O meu corpo é do fogo as cinzas...um resto ténue de luar
Um leve sopro de vida...resquício magoado de um sonho

Nas mãos do destino...ficaram as rosas vermelhas...a vida
Um rosto que não é rosto...uma sombra esbatida na tela fria
Uma tristeza sem lamento...uma Primavera de sol despida
Nem mesmo um raio de luz perdurou na minha alma vazia

Caminhei de pés despidos por fundos e escuros labirintos
Procurei o meu vestido de baile...as grinaldas...as flores
As pétalas que teci...os sonhos que sonhei...tão infinitos
Mas em mim ficaram apenas três rosas...os meus amores