Estou presa dentro de mim...sepultada no fundo do tempo
Fantasma da própria sombra...inferno no corpo a arder
Na cela escura onde me enclausurei...tão nua de sentimento
Sem estar morta nem viva...caminho sem vontade de viver
Estou presa dentro de mim...como uma boneca de trapos
Sem corpo nem alma...sem coração e despida de emoção
No fundo do meu peito um abismo...sonhos em farrapos
Pedaços rasgados de mim...amaldiçoados...caídos no chão
Estou presa dentro de mim...sem me ver sem me encontrar
Percorrendo aqueles caminhos que um dia percorri em vão
Tentando abrir aquela porta que deixava a minha alma voar
Para o tempo além do tempo...solta e livre pela imensidão
Estou presa dentro de mim...como ave em gaiola dourada
Emaranhada num laço que não desfaço...grades de frio aço
Onde nem um pouco de mim resta na tela branca desenhada
Triste imagem esmaecida...perdida entre o tempo e o espaço
Estou presa dentro de mim...como estátua de pedra e mágoa
No tempo que passou e não ficou...nos sonhos que não vivi
Na vida que me teve e não amei...ilusão desfeita em água
Que derramo em cada lágrima que escorre dentro de mim
Estou presa dentro de mim...entre a sombra e a penumbra
Refém de promessas e ilusões...de ausência e de distância
No leito frio do esquecimento...bordado de negra espuma
Procurando no fundo do tempo ainda um fio de esperança
Rosa Maria