Morreste em mim...morremos
um no outro tão ausentes
Assistindo à minha morte
e brindando com cicuta à solidão
Como um pássaro cativo
lanço à terra as minhas correntes
Sem saber quem sou ou se
existo...se sou real ou só ilusão
Morreste em mim...e eu
continuo morrendo em cada noite
Sem saber por onde
caminhei...tão perto e tão longe de ti
Com o coração entre as
mãos e o corpo afagando a morte
Adormecendo a noite que se
deita comigo...vazia de mim
Morreste em mim...deixei
de esperar por uma noite de amor
Que me gelou o corpo que
foi lume...sangue que foi paixão
Orgasmo que foi
desejo...escorrendo do meu corpo em flor
E hoje é o lugar sombrio
que tu habitas...apenas recordação
Morreste em
mim...tristemente como uma noite sem braços
Tocando dolorosamente a
minha pele...sedenta e abandonada
Onde adormeceram as tuas
mãos e nasceram os meus cansaços
Foi aí que morreste em
mim...no frio que habita a madrugada
Morreste em mim...num
lugar sombrio em que estás sem estar
Nas rosas que me deste
cobertas de espinhos e perfume de dor
Neste silêncio que nos
une...no tudo que me deste sem me dar
Nas noites em que morri em
mim...solitária e prenhe de amor
Morreste em mim...quebrei
as correntes...cumpri a minha pena
Deixei que as folhas
mortas do Outono cobrissem o meu leito
Envolvi-me com o vestido
vermelho do amor e esperei serena
Que as rosas que me
adornaram voltassem a florir no meu peito