Sou a verdade das coisas perdidas...sou o espinho da rosa ferida
Sou o nome perdido na raíz do silêncio...o sussurro do grito calado
Sou a mágoa derramada dum verso...sepultura das coisas sem vida
Sou a noite que não tem fim...sou a penumbra que vive a meu lado
Sou a verdade das coisas perdidas...a procura daquela que era
Sou a voz que chama o silêncio...sou pedra no meio do caminho
Sou a chama oculta na noite...sou a falsa ilusão duma quimera
Sou o punhal cravado na ferida...sou a embriaguês do destino
Sou a verdade das coisas perdidas...a mentira profunda da noite
Sou a loucura dos instantes vazios...a nuvem que esconde o luar
Sou o sepulcro profundo da vida...sou o beijo amado da morte
Sou a mão que acarícia os espinhos...sou a onda perdida no mar
Sou a verdade das coisas perdidas...sou o abismo da noite escura
Sou o inferno tatuado na pele...a escravidão submersa do amor
Sou o infinito entre a vida e a morte...sou a ilusão da ternura
Sou a treva procurando a luz...sou o sorriso amordaçado da dor
Sou a verdade das coisas perdidas...sou a fadiga dos meus braços
Sou o vendaval em mar morto...sou o sol poente na madrugada
Sou a sombra da claridade...no muro que prende os meus passos
Sou o mármore branco da paixão...onda de prazer amordaçada
Sou a verdade das coisas perdidas...sou o tempo cravado na pele
Sou um rio de águas estagnadas...murmurando os meus cansaços
Sou o fantasma do amor...sou a sombra do meu corpo de mulher
Sou a súplica da minha alma nua...sou o vazio dos meus braços