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domingo, 23 de fevereiro de 2025

Vivendo sem mim!


 Há uma parte de mim que vive longe...tão longe das minhas mãos...tão vazia nos meus dedos...tão abandonada do meu corpo...tão distante do meu rosto onde a luz se apagou e o tempo parou.

Há uma parte de mim onde ainda permaneço por entre o silêncio onde me deito...no vazio onde me aqueço do gelo que percorre a minha pele...na ausência que entardece o meu rosto...nos gestos que ficaram entre a boca e o beijo...esculpidos na solidão de todas as noites...no leito onde adormece a desilusão e amanhece a solidão.

Há uma parte de mim que queria romper laços...quebrar as correntes que gritam no meu corpo...que prendem os meus passos nos labirintos escuros por onde caminha a minha alma...na madrugada que ampara o meu corpo...no lamento silencioso que me murmura que é tarde...que o amor ficou submerso na tempestade...perdido no vento...na dor que calou o silêncio...na pele que se despiu do desejo...no leito que se vestiu de vazio...nas mãos que ficaram esperando entre o gesto e o cansaço...no coração que gelou...na dor que o amordaçou..nos espinhos que me atravessam a carne.

Há no meu corpo um deserto sem braços...um labirinto sem luz...uma sombra que me separa do tempo...um véu de escuridão que me prende... uma mordaça que cala o meu grito...uma lembrança emoldurando Setembros e prendendo o infinito na eternidade do tempo onde entre esperas e ausências fecho nas mãos a efemeridade de um instante e assim caminho tão distante de mim.

Há no meu olhar um grito que cala todos os silêncios...um silêncio que cala todas as palavras que em sonhos escrevi no teu corpo...memórias adormecidas do mar que me percorreu...do vento que me acariciou...do vazio que se aninha na minha alma...no suplício da imensidão do nada.

O meu corpo já não me pertence...a minha alma não é minha...é uma sombra vagando no limbo...uma luz efémera que se vai desvanecendo na imensidão do tempo...no silêncio de uma lágrima que beija suavemente os meus lábios frios...que veste de púrpura a minha pele...no frio que acaricia as minhas mãos...na nudez que adormece entre o espinho e a rosa...no crepúsculo que desceu sobre o meu rosto...na solidão onde me abraço na noite que se deita sobre mim.


Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )


1 comentário:

  1. Boa noite de domingo, querida amiga Rosa!
    Impressionante como tem etapa da vida que é mesmo a noite que dorme em nós.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos fraternos

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Amigos são velas acesas ao fundo da escuridão
alumiando o caminhode volta...a presença doce e
serena numa noite de tempestade...são o abraço
suave da vida...palavras ditas muitas vezes em
silêncio aquecendo a alma e o coração.

Um beijinho carinhoso a todos que por aqui passam.
Sonhadora