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segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Lá no fim de tudo


 Lá no fundo do tempo...no fim de tudo não há mais nada...nem certezas...nem restos...nem ecos...nem laços. Na beira do abismo...no fundo do labirinto nem um rasgo de luz...apenas o sabor amargo da solidão...os ecos profundos do silêncio nas horas que se perderam do tempo...da vida que se perdeu de mim.

Lá onde a terra é seca e árida e a noite não sabe que é noite...onde todos os sonhos envelhecem e vivem esquecidos todos os gemidos de amor e o corpo morre na amargurada solidão da carne...as esperas são ausências...os muros são sonhos desfeitos...os desejos são lugares esquecidos no fundo da alma.

Lá nessse lugar onde não há tempo... onde guardo as lágrimas como memórias de naufrágio...tristes caricias que afagam o meu rosto onde a sombra é pedra e os caminhos são moradas de ciprestes.

Lá nesse lugar sem luz onde a bruma cobre a minha nudez e o meu rosto se dissolve na sombra do entardecer e onde passo a passo percorro os caminhos vazios da renúncia...iludindo os gestos...desenhando silêncios e bebendo mágoas.

Lá onde as ilusões agonizam e o meu olhar é um grito silencioso...a minha sombra é o colo onde me deito e a cinza das palavras é o desencontro das bocas e todos os sorrisos têm medo de existir... onde os meus olhos são o lago sombrio de todas as recordações...a agonia de todos os instantes.

Lá na rua da penumbra...no entardecer dos meus anseios onde a solidão cresce nas horas de infinita mágoa de indefinida nostalgia.

Lá onde o infinito procura o meu corpo e as águas revoltas do amor adormecem nas paredes frias do silêncio...os sonhos são aves negras com rumos incertos...ecos perdidos suspensos no grito de um olhar...nos desejos diluídos no tempo...nas palavras escritas a sangue...sepultura de todas as ilusões.

Lá onde os corpos são memórias de noites por cumprir...onde o desejo morre todos os dias...onde a luz não rompe a escuridão...lá onde fica a sepultura de todas as promessas...dispo-me de mim e entrego-me nas asas do vento...na solidão do tempo...no manto doce da eternidade.


Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )