Leva-me meu amor nos teus braços para o outro lado do tempo onde a Primavera será infinita e as tuas mãos serão o meu leito de rosas...o veludo que seca as minhas lágrimas e o teu corpo será o rio que levará as minhas mágoas na voz do vento que me adormece na noite nua.
Deixa-me meu amor voltar a ser criança e correr de cabelos soltos ao vento por entre as papoilas da minha planície dourada...pisar o chão dos meus sonhos...mesmo que de mim despida e sobre as pedras do meu caminho deixa que escreva o teu nome como se fosse o último suspiro de amor exalado nos lençóis perfumados de rosas e de mágoas humedecidos.
Afaga meu amor os meus cabelos da cor das nuvens e as minhas mãos cansadas de prenderem a espuma dos sonhos...o meu corpo que se perdeu do tempo das flores...das melodias de Maio quando os meus anseios tinham asas...os meus desejos tinham casa e os meus dedos soletravam poemas de amor nos instantes suspensos no véu da ausência.
Deixa meu amor no meu corpo flores de madrugada virginalmente brancas como se fosse o luar da noite afagando as minhas mãos maceradas e frias.
Docemente meu amor pousa os teus nos meus lábios e não deixes que o sonho se apague dos meus sentidos...que a boca não arrefeça como se eu estivesse morta...que o meu olhar não adormeça por entre o véu de melancolia de quem não amanheceu.
Deixa que desenhe a tua sombra no meu sonho e a tua ausência no meu corpo...os teus silêncios na minha boca e que acorde a manhã no teu olhar...que tudo que foi amor adormeça no fundo da dor...na solidão da noite morta.
Deixa-me adormecer meu amor antes que chegue a alvorada e que os meus sonhos se transformem em espuma...caminhos sem regresso...espelhos sem imagem.
Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )