Lá no fundo do tempo...no fim de tudo não há mais nada...nem certezas...nem restos...nem ecos...nem laços. Na beira do abismo...no fundo do labirinto nem um rasgo de luz...apenas o sabor amargo da solidão...os ecos profundos do silêncio nas horas que se perderam do tempo...da vida que se perdeu de mim.
Lá onde a terra é seca e árida e a noite não sabe que é noite...onde todos os sonhos envelhecem e vivem esquecidos todos os gemidos de amor e o corpo morre na amargurada solidão da carne...as esperas são ausências...os muros são sonhos desfeitos...os desejos são lugares esquecidos no fundo da alma.
Lá nessse lugar onde não há tempo... onde guardo as lágrimas como memórias de naufrágio...tristes caricias que afagam o meu rosto onde a sombra é pedra e os caminhos são moradas de ciprestes.
Lá nesse lugar sem luz onde a bruma cobre a minha nudez e o meu rosto se dissolve na sombra do entardecer e onde passo a passo percorro os caminhos vazios da renúncia...iludindo os gestos...desenhando silêncios e bebendo mágoas.
Lá onde as ilusões agonizam e o meu olhar é um grito silencioso...a minha sombra é o colo onde me deito e a cinza das palavras é o desencontro das bocas e todos os sorrisos têm medo de existir... onde os meus olhos são o lago sombrio de todas as recordações...a agonia de todos os instantes.
Lá na rua da penumbra...no entardecer dos meus anseios onde a solidão cresce nas horas de infinita mágoa de indefinida nostalgia.
Lá onde o infinito procura o meu corpo e as águas revoltas do amor adormecem nas paredes frias do silêncio...os sonhos são aves negras com rumos incertos...ecos perdidos suspensos no grito de um olhar...nos desejos diluídos no tempo...nas palavras escritas a sangue...sepultura de todas as ilusões.
Lá onde os corpos são memórias de noites por cumprir...onde o desejo morre todos os dias...onde a luz não rompe a escuridão...lá onde fica a sepultura de todas as promessas...dispo-me de mim e entrego-me nas asas do vento...na solidão do tempo...no manto doce da eternidade.
Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )
8 comentários:
Boa noite de domingo, querida amiga Rosa!
"...apenas o sabor amargo da solidão...os ecos profundos do silêncio nas horas que se perderam do tempo...da vida que se perdeu de mim."
Assim é o gosto do abandono em nós.
Só quem passa é que sabe discorrer tão bem.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos com carinho fraterno
Olá querida Rosa, a solidão que tão bem traduz em suas magnificas inspirações, é mesmo um chão árido, um porão sombrio onde atravessar é nada agradável. A solidão é mesmo um barco que zarpa, quando estamos prontos para embarcar e fica este vazio, que aqui tão bem o traduz.
Linda semana com paz, saúde e poesia amiga.
Bjs de paz.
Entregar-se nas asas do vento para poder voar até perder as sombras que a perseguem.
Belíssimo texto!
Tudo de bom.
Um beijo.
I'm thankful for the fresh perspective you bring to each post.
Um belíssimo texto, que muito me encantou.
Abraço e saúde
Olá querida!
Você foi citada aqui:
https://entrenosduasflores.blogspot.com/2023/12/chica-entre-nos.html
Esteja bem, uma abençoada semana pré natalina!
Beijinhos
Boa noite, Rosa. Como tudo o que vc escreve está lindíssimo. Tens um talento inigualável. Desejo um excelente 2024 com muita saúde, paz, amor, saúde e extrema felicidade. Beijos na alma e tudo de bom extensivo a sua família.♥️😘🙏🏼
Minha linda Rainha Flor,
que felicidades receber
suas palavras lá no
meu cantinho!
Realmente os blogs são
especiais para nos
unir a todos que
comungam do mesmo
ideal...
Fazer amigos de almas
afins!
Beijinhos, lindeza!
Quanto aos seus poemas,
nem tenho palavras
para comentar!
Você é uma querida! 💕
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