O meu corpo foi botão de rosa...seara ardente...campo em flor
Hoje é uma melodia de saudade em folhas de Outono envolto
Gemendo docemente em silêncio uma triste melodia de amor
Branca e fria tela...vestindo de tristeza os traços do meu rosto
O meu corpo é uma tempestade feita de vento e mar bravio
Silenciosamente e em lamento escorre a chuva do meu olhar
Entregue à noite...sou uma nuvem negra flutuando no vazio
Sou o que de mim restou...errante sombra no tempo a vagar
O meu corpo espera na noite...espera no limbo duma verdade
Envolto nas cinzas da ilusão espera em silêncio anoitecendo
Cansado de sonhar trocou a vida por uma gota de eternidade
Esperando...esperando sempre...no leito da ilusão morrendo
O meu corpo é uma noite em Dezembro...uma folha rasgada
Ardendo na solidão do tempo...na sombra negra da saudade
Triste e sombrio é dor e ternura...uma ténue chama apagada
Submerso na escuridão...vaga entre o infínito e a eternidade
Sobre o meu corpo adormecido...a ausência derramou rosas
No branco lençol amargurado do meu leito...cinza dum sonho
Na minha sepultura deixa meu amor flores negras vaporosas
E sente meu amor na tua pele os últimos suspiros de Outono
Arrasto o meu corpo pelas calçadas da vida...não sei se existo
Nem o que persigo...nada sei de mim...nem meu rosto conheço
E já nem sinto a pele que cobre os farrapos com que me visto
Não...não sei se estou morta ou viva...se sou fim ou começo
Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )
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