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terça-feira, 1 de julho de 2025

De dor em dor!

De dor em dor..escrevo-me e descrevo-me...desnudo a alma

Grito em silêncio...semeio palavras raízes que lanço ao vento

Colho a amargura...bebo a solidão e mastigo a minha mágoa

Morrendo em cada anoitecer vai por mim passando o tempo


Quando enfim adormecer sonharei com amores enluarados

Com moribundos desejos...os braços e os abraços sem nós

A minha boca na tua...o frio...os gestos no corpo sufocados

A urgência da vida...a sombra da morte num grito sem voz


Apenas o murmúrio do vento me sente...meu corpo desperta

Na penumbra onde me perdi no desvario onde me inventei

Nos suspiros que o tempo gastou na solidão que me enfeita

Na despedida do amor nos caminhos onde não me encontrei


Despi o azul da minha infância vesti meu olhar de solidão

Envolvi-me nos meus braços...esperei em silêncio por mim

Guardei os restos de quem fui...pedaços de sonhos e ilusão

Quebrei o espelho e no meu rosto procuro onde me esqueci


O Outono varreu as ilusões...levou-me do amor a emoção

Apenas deixou este amor infinito que ainda arde em mim

Este vazio...esta saudade...esta ternura abraçando a solidão

E no meu corpo amordaçados os sonhos que para ti esculpi


Tudo já perdeu o sentido...as tuas palavras já emudeceram

A noite vestiu-se de negro cetim...meu corpo despiu-se de ti

O fogo da minha boca gelou...os cabelos embranqueceram

Hoje...decidi não sentir mais nada e de penumbra me vesti


Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )