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quarta-feira, 19 de junho de 2024

O que ficou da infância


O tempo leva o perfume de todas as flores...mas o perfume dos sonhos vai ficar para sempre no fundo do meu olhar...nas feridas que se colam na pele...numa aurora silenciosa onde guardei as pétalas que um dia afagaram o meu corpo. Fui flor no jardim da infância...serei mar...terra e luar. Beberei a vida procurando a felicidade mesmo que apenas por um instante...sonho ou ilusão.

Gosto de lembrar as searas maduras...as papoilas e as cigarras e o meu corpo de menina correndo por esses campos ao sol de Agosto e beijada pelo vento suão.

Quero ainda regressar à casa da minha infância…as primeiras ilusões...as primeiras lágrimas de amor...os primeiros versos como se o tempo não tivesse passado...como se os espelhos não me dissessem que é tarde...que o meu rosto perdeu a beleza...apenas naquela moldura sou eu. O resto é saudade.

Deixem-me sonhar...não me despertem e quando as minhas pernas não me sustentarem deixem-me sentir as emoções da minha juventude que guardo seladas no meu coração num tempo distante onde no meu olhar havia brilho e na minha boca um sorriso feliz.

Depois de tanto tempo devolvam-me a leveza da infância...deixem as rosas florirem no meu corpo e as mãos de minha mãe afagarem o meu rosto tão fustigado pela vida. Não sei quando cheguei nem quando parti. Não tenho memória do último beijo...do primeiro amor ou do último gesto de ternura.

É tarde e eu deixei de esperar essa felicidade que todos procuram e poucos encontram...é um sonho perdido...um caminho sem saída.

Tenho uma visita adiada à casa da minha infância e uma despedida por fazer à minha doce planicíe para ver novamente o vermelho sangue das papoilas salpicando o manto amarelo dos pimpilhos e o doirado das cearas.

Entreguei a minha vida ao tempo e o tempo roubou-me o sono da infância onde o meu mundo era eterna Primavera e eu um breve botão de rosa querendo florir. Mas o tempo passa e não vai só...leva com ele as memórias de uma vida...as mágoas e as ilusões. Tudo arrasta com ele.

O que fica de mim é o meu sangue em outros seres que são carne da minha carne...o meu mais belo poema de amor.


Rosa Maria (Maria Rosa de Almeida Branquinho)



3 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de Paz, querida amiga Rosa!
"O tempo passa e não vai só... leva com ele as memórias de uma vida... as mágoas e as ilusões. Tudo arrasta com ele."
Verdade tudo é passageiro.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos

Roselia Bezerra disse...

Você está aqui, com carinho:
Beijinhos

https://flordocampo3.blogspot.com/2024/07/colheita-floral-ane-e-celina.html

chica disse...

Tão bom ter boas recordações e reviver momentos! Linda foto! beijos, tudo de bom,chica