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domingo, 27 de julho de 2025

No mais fundo de mim!

No mais fundo de mim corre o tempo...esgotam-se as horas

Morre-me o rosto no espelho...esvai-se a vida no meu olhar

Esqueço os caminhos e esvazio os meus braços nas demoras

Prendem-se os gestos e rasgam-se os momentos por revelar


No mais fundo de mim...vivo a sós no meu corpo de mulher

Grito e não me ouço...vejo-me e não me pressinto...anoiteci

Eternizando a noite no silêncio do tempo na solidão da pele

No instante dos sentidos quero ficar assim...longe de mim


No mais fundo de mim há um mar revolto por onde navego

Uma alma inquieta esquecida de ser...uma derradeira ilusão

Uma voz que cala meus sonhos...a quem vazia me entrego

Vestida de Outono caminho pelas vielas escuras da solidão


No mais fundo de mim adormece a noite...de mim cansada

Num silêncio tão gritante numa presença tão de mim ausente

Num instante tão presente...uma prece no meu corpo sufocada

Nas noites de ternura tão despidas...apenas a solidão me sente


No mais fundo de mim...trago uma Primavera a anoitecer

Uma rosa negra partilhando a minha dor...na vida que morreu

No meu coração trago uma ferida a arder...um espinho a doer

No nada que nunca serei...um instante que guardei...outro eu


No mais fundo de mim é noite fria...o Inverno goteja mágoas

O meu corpo grita desejos tateando a escuridão...o frio o nada

Nas minhas mãos apenas guardo o sabor amargo das lágrimas

Fogo adormecido das cinzas esperando o renascer da alvorada


Rosa Maria (Maria Rosa de Almeida Branquinho)



 

terça-feira, 1 de julho de 2025

De dor em dor!

De dor em dor..escrevo-me e descrevo-me...desnudo a alma

Grito em silêncio...semeio palavras raízes que lanço ao vento

Colho a amargura...bebo a solidão e mastigo a minha mágoa

Morrendo em cada anoitecer vai por mim passando o tempo


Quando enfim adormecer sonharei com amores enluarados

Com moribundos desejos...os braços e os abraços sem nós

A minha boca na tua...o frio...os gestos no corpo sufocados

A urgência da vida...a sombra da morte num grito sem voz


Apenas o murmúrio do vento me sente...meu corpo desperta

Na penumbra onde me perdi no desvario onde me inventei

Nos suspiros que o tempo gastou na solidão que me enfeita

Na despedida do amor nos caminhos onde não me encontrei


Despi o azul da minha infância vesti meu olhar de solidão

Envolvi-me nos meus braços...esperei em silêncio por mim

Guardei os restos de quem fui...pedaços de sonhos e ilusão

Quebrei o espelho e no meu rosto procuro onde me esqueci


O Outono varreu as ilusões...levou-me do amor a emoção

Apenas deixou este amor infinito que ainda arde em mim

Este vazio...esta saudade...esta ternura abraçando a solidão

E no meu corpo amordaçados os sonhos que para ti esculpi


Tudo já perdeu o sentido...as tuas palavras já emudeceram

A noite vestiu-se de negro cetim...meu corpo despiu-se de ti

O fogo da minha boca gelou...os cabelos embranqueceram

Hoje...decidi não sentir mais nada e de penumbra me vesti


Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )