Fui
além do meu limite...muito além das minhas forças..caí
Como
se fosse aquela flor que murchou regada pelo pranto
Que
escorre gota a gota na terra infecunda que já foi jardim
Rosto
que já foi alvorada e hoje é um sorriso de desencanto
Fui
além do meu limite...matei o que de bom havia em mim
Apaguei
o brilho do meu olhar e o sorriso que trazia no rosto
Abracei-me
ao meu corpo em silêncio e docemente adormeci
Sobre
as cinzas de quem fui...sepúlcro frio do meu desgosto
Fui
além do meu limite...amei e perdi...estive aqui e não vivi
Quis voar e não voei...inventei umas asas tecidas de ilusão
E
bordadas de desengano...que se quebraram e eu não senti
Tombei
na terra fria e adormeci nos braços frios da solidão
Fui
além do meu limite...cruzei as mãos sobre o meu peito
Em
prece chamei anjos e demónios...fui ao céu e ao inferno
Toquei
levemente o amor com os dedos frios do esquecimento
Entreguei
o meu corpo ao nada de um momento que foi eterno
Fui
além do meu limite...morreu o tempo nas minhas mãos vazias
Descobri
que para além dos meus sonhos não tinha nada de meu
Apenas
ficou presa em mim a lembrança deste corpo onde vivias
Como
um murmúrio silencioso...onde a ternura não amanheceu
Fui
além do meu limite...perdi-me da alma...ausentei-me de mim
Fiquei
esperando serena pela ausência que a meu lado adormece
Na
escura noite que de madrugada chega...sem ter luz...nem fim
Nos
lençóis cobertos de mágoas ...na ilusão que se desvanece
Fui
além do meu limite...nada me habita...nem a minha pele
Que
é um vulcão adormecido por entre as trevas do meu ser
Jardim
de rosas negras onde repousa o meu corpo de mulher
E
uma lágrima escorre silenciosa no meu rosto a entardecer