Talvez a noite te diga...do amor
ardente que no meu peito ficou
Da infínita tristeza...do tempo em que
não me amei...do cansaço
Talvez a noite te conte do frio que os
meus desejos amordaçou
No silêncio do meu corpo...esquecido
da ternura de um abraço
Talvez a noite te diga...do lugar frio
onde a ausência adormece
Deitada sobre os véus negros da
ilusão...onde morreu a ternura
No lugar vazio da espera...onde o meu
corpo gelado amanhece
Preso nos braços dolentes da
noite...onde o teu corpo é lonjura
Talvez a noite te diga...da dor que me
queima o corpo e a alma
Que me rasga a pele...que me tortura os
sentidos...que me fere
Talvez a noite te conte dos teus
silêncios...das minhas mágoas
Dos teus lábios gelados...beijando o
meu corpo nú de mulher
Talvez a noite te diga...do Inverno
frio que cobre os meus braços
Das carícias abandonadas na minha pele
vestida de esquecimento
Ébria de solidão e embalando na noite
imensa os meus cansaços
Nas mãos despidas de ternura...na
solitária cama onde me deito
Talvez a noite te diga...dos instantes
brancos...do sono acordado
Dos lençóis vestidos de
desejo...cobrindo o meu corpo a sangrar
Talvez a noite te conte...do silêncio
que trago no peito sufocado
No grito a morrer dentro de mim...desta
dor presa no meu olhar
Talvez a noite te diga...da ternura dos
meus dedos...da distância
Dos meus lábios de fel perfumados...do
sabor amargo do beijo
Das últimas rosas que perfumaram o meu
corpo...da lembrança
Das sombras que desceram sobre mim...da
mordaça do desejo
Talvez a noite te diga...dos ecos de
solidão que o meu corpo sente
Da mulher que espera na luz da
madrugada por uma gota de amor
Da desilusão onde o meu corpo
anoitece...morrendo lentamente
Quando em ti me deito...coberta pelo
manto negro da minha dor