Quando enfim morrer o que no corpo
choro...recorda-te de mim
Esquece os vãos devaneios que mil
vezes chorando te segredei
Não lembres os sonhos que
sonhei...morreram meu amor sem ti
Agonizaram com os últimos desejos que
neste corpo amordacei
Quando do céu azul mais nada existir
que um muro de pedra fria
E de mim nada mais que um grito
mudo...uma sombra sem vida
Perfuma-me de violetas...veste no meu
corpo o véu de nostalgia
Esquece-te do meu nome e deixa-me
seguir essa estrela perdida
Quando a escuridão cobrir o meu olhar
nublado...acende uma vela
Aos meus desfeitos sonhos de amor que
em vida foram sepultados
São as rosas mortas que jazem a meu
lado...restos duma quimera
Que prendi nas mãos vazias e guardarei
no meu corpo sufocados
Quando de mim não restar mais nada que
o silêncio duma prece
E os sinos por mim dobrarem...deixa-me
meu amor partir enfim
Para o tempo além do tempo onde o que
me vestiu se desvanece
No mármore frio da ilusão...deixa-me
voar para longe de mim
Quando do meu rosto
anoitecido...docemente rolar uma lágrima
Guarda-a no teu coração...como um
derradeiro gemido de amor
Como o último gesto de ternura do meu
corpo vestido de mágoa
E eternamente abraçado pela sombra
silenciosa da minha dor
Quando as cores do sol poente...do meu
rosto frio se apagarem
Recorda-te de mim e deixa-me voar
livremente num céu só meu
Quando a noite deixar de amanhecer e os
meus olhos chorarem
É porque o meu corpo é eternidade e o
meu ventre adormeceu