Calo os anseios...amortalho o desejo...sufoco o peito
Rasgo as palavras que me rasgam o corpo e anoiteço
Há um silêncio amargurado na solidão onde me deito
Mergulhada no abismo escrevo na alma este silêncio
Escorrem da minha alma rios de tristeza...gotas de dor
Escuros labirintos e desertos sem fim...sonhos perdidos
Lírios roxos presos nos meus olhos num grito de amor
Nos meus lábios sabendo a silêncio beijos adormecidos
Deito ao vento um adeus mudo que mora no meu olhar
Pelo último amor...pelo último sonho...pela última ilusão
Pelo passado e presente...pelo futuro que não vai chegar
A vida e a morte...rosa negra sepultada no meu coração
Silenciosa e triste junto os meus restos...pedaços de mim
Envolvo na solidão...fragmentos de céu negro e cansaços
No espelho enevoado do meu rosto procuro onde me perdi
Na noite que me cobre e me prende nos seus doces braços
O que a alma grita está no silêncio...no tempo que é noite
Nos meus olhos que são brumas...no coração que é vazio
Nos meus braços que são mar e onda enlaçando a morte
No fantasma deste amor...no abismo profundo deste rio
Caminho em silêncio na solidão da noite...passos errantes
Arde na pele este desejo...crava-se no peito esta escuridão
Cada espera é uma ausência...lamentos feitos de instantes
Há fantasmas nos meus sonhos...há vazios na minha mão
Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho )