É Outono meu amor...o meu rosto perdeu toda a candura
O meu corpo já não é mais flor...a minha pele não é cetim
As tuas mãos não são afago e os gestos perderam a ternura
Os meus cabelos embranqueceram...a boca já não é carmim
É Outono meu amor...o Inverno vem chegando tristemente
O sol já se apagou e a noite eterna vai descendo sobre mim
O tempo vai correndo sem parar e eu morrendo lentamente
De braços estendidos ao infinito caminho para o fim do fim
É Outono meu amor...enegreceram as rosas que me adornaram
A minha alma já partiu para o lugar de onde não se pode voltar
O meu corpo é da chama as cinzas...as ilusões já se apagaram
E vestida de noite embalo nos braços o silêncio para te esperar
É Outono meu amor...o passado não volta...o tempo não espera
E eu já estou morta sem morrer e continuo vivendo sem viver
Na dor silenciosa que não se ouve que vem do céu ou da terra
Que orvalha os meus olhos e amordaça e fere todo o meu ser
É Outono meu amor...a claridade já não ilumina a madrugada
A penumbra vai escurecendo o brilho que tinha no meu olhar
Quando o céu era azul e a noite um eterno manto de alvorada
Hoje sou estrela cadente procurando no infinito um fio de luar
É Outono meu amor...o meu corpo jaz sob mortalha ardente
E coberto de cinzas como se fosse uma pedra adormecida
Ou a chama gélida de uma vela a extinguir-se lentamente
E quando o meu tempo findar...afaga o meu rosto sem vida
Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho)