terça-feira, 13 de setembro de 2022

É Outono meu amor


 É Outono meu amor...o meu rosto perdeu toda a candura

O meu corpo já não é mais flor...a minha pele não é cetim

As tuas mãos não são afago e os gestos perderam a ternura

Os meus cabelos embranqueceram...a boca já não é carmim


É Outono meu amor...o Inverno vem chegando tristemente

O sol já se apagou e a noite eterna vai descendo sobre mim

O tempo vai correndo sem parar e eu morrendo lentamente

De braços estendidos ao infinito caminho para o fim do fim


É Outono meu amor...enegreceram as rosas que me adornaram

A minha alma já partiu para o lugar de onde não se pode voltar

O meu corpo é da chama as cinzas...as ilusões já se apagaram

E vestida de noite embalo nos braços o silêncio para te esperar


É Outono meu amor...o passado não volta...o tempo não espera

E eu já estou morta sem morrer e continuo vivendo sem viver

Na dor silenciosa que não se ouve que vem do céu ou da terra

Que orvalha os meus olhos e amordaça e fere todo o meu ser


É Outono meu amor...a claridade já não ilumina a madrugada

A penumbra vai escurecendo o brilho que tinha no meu olhar

Quando o céu era azul e a noite um eterno manto de alvorada

Hoje sou estrela cadente procurando no infinito um fio de luar


É Outono meu amor...o meu corpo jaz sob mortalha ardente

E coberto de cinzas como se fosse uma pedra adormecida

Ou a chama gélida de uma vela a extinguir-se lentamente

E quando o meu tempo findar...afaga o meu rosto sem vida



Rosa Maria ( Maria Rosa de Almeida Branquinho)