Há
um lado de mim que vive desejando partir e outro ficar
De
um lado a vida...do outro lado a morte a chamar por mim
E
depois para além disto que somos...o que vai de nós restar...
Talvez
um regresso ao ponto de partida ou o princípio do fim
Há
um lado de mim que vive envolto num véu de penumbra
Alma
pronta para nascer de novo e reencontrar aquela que era
Apagar
o meu nome e voltar a ser menina vestida de espuma
Percorrer
de novo o caminho onde ainda encontre a Primavera
Há
um lado de mim que vagueia sem destino...sem horizonte
Escondida
dentro de mim sem luz para iluminar a escuridão
No
sepúlcro onde espero para atravessar o outro lado da noite
Levando
nas mãos rosas vermelhas e no meu corpo a solidão
Há
um lado em mim que sobrevive para além da tempestade
Arrastando
esta alma que teima em ficar no lado de cá da vida
Mesmo
que o outro lado de mim esteja morto...que já seja tarde
Para
voltar a percorrer os lugares vazios desta alma sem guarida
Há
um lado em mim que é luz e chama...céu negro e inferno
Tão
presente e tão ausente esse tempo que passou e não ficou
Na
dor que já não doi...no branco que é negro...no frio eterno
Da
névoa que me ensombra o olhar...no sorriso que se apagou
Há
um lado de mim que me chora...outro que teima em sonhar
Na
noite que dorme comigo...na ausência que afaga meu corpo
Como
se fosse a sombra negra da morte que me está a afagar
Um
laço que me sufoca e que me vai matando pouco a pouco