domingo, 18 de maio de 2014

O que dizer...


O que dizer desse refúgio secreto onde nua me deito e espero
Por uma gota de amor diluída num cálice de veneno e ternura
Derramado num ramo de rosas bravas...que quero e não quero
Que amo e odeio...que é espinho e flor...que é sonho e loucura

O que dizer do frio das noites...do cinzento baço das madrugadas
Dos sonhos perdidos na memória...das rosas que deixei no tempo
Dos desejos amordaçados na minha pele...das palavras caladas
Do amor que na noite engana a solidão...feito de dor e lamento

O que dizer desse colar de silêncio que aprisionei na minha mão
Dos lábios do beijo esquecidos...das carícias frias dos teus dedos
Das vielas onde solitária me perco nos becos escuros da solidão
Do manto que me cobre o corpo de nocturnas cinzas...dos medos

O que dizer do alto muro que se ergueu entre a noite e o desejo
Do corpo que morreu de urgência...num amargo sabor a nada
Com os sonhos pousados na noite e a boca pedindo um beijo
O que dizer de quem faz amor no ventre frio da madrugada

O que dizer do dia em que vesti o corpo de mar e naufraguei
Como uma gota de vazio a diluir-se nesse mar de tempestade
Nesse abismo entre dois destinos...o que sou e o que inventei
Fantasma de mim...deambulando entre o inferno e a eternidade

O que dizer das ruas tortuosas por onde sem destino caminhei
Das noites de penumbra onde como uma louca fujo de mim
E da solidão que me espera como um amante a quem me dei
Numa doce e gélida quimera...onde me encontrei e me perdi