Não! Não me peçam
poemas de amor...os meus dedos estão frios
A minha alma já não me
pertence e o meu corpo partiu sem mim
O meu coração parou e os
meus sentidos estão inertes e vazios
As palavras já não as
encontro e o tempo parece não ter fim
Não! Não me peçam
poemas de amor...já não me sei inventar
Eu não sou eu...os meus
versos são poeira que o vento levou
Em mim tudo é
deserto...apenas há nostalgia no meu versejar
O amor está mais distante
que nunca e o meu sangue já secou
Não! Não me peçam
poemas de amor...as horas estão morrendo
A noite é escura e os
meus sonhos vão-se lentamente esfumando
A vida vai passando e o
meu corpo vai tristemente anoitecendo
A ilusão vai-se
desfazendo em espuma e a luz vai-se apagando
Não! Não me peçam
poemas de amor...já não há azul no meu olhar
No meu corpo já não há
vida e a chama do amor já não me queima
O papel onde me escrevi
enegreceu e as mãos já não sabem amar
As palavras são pedra
dura onde já não floresce nenhum poema
Não!Não me peçam
poemas de amor...sou árvore de folhas despida
As rosas rubras que me
adornaram o corpo um dia...já não têm cor
As marcas do tempo
deixaram o meu coração a sangrar em ferida
E com o coração
sangrando como posso escrever poemas de amor
Não! Não me peçam
poemas de amor...é Inverno no meu peito
Nas minhas veias já não
há poesia...o sangue que corre é mágoa
As lembranças são os
espinhos que cobrem o chão onde me deito
Sobre os sonhos que
rasguei onde em silêncio rola uma lágrima
Não! Não me peçam
poemas de amor...o meu corpo já não é flor
É crepúsculo no meu
olhar e no meu rosto já não há Primavera
E sem Primavera como é
que eu posso escrever poemas de amor
Não! Não peçam poemas
de amor a quem da vida já nada espera