Da cor dos meus poemas é o meu
sangue...negro como a noite
Que me queima como brasa ...que me
rasga a carne em ferida
Esse punhal com que me
escrevo...aguçado e frio como a morte
Nesta ferida tão funda...derramada
em cada palavra sem vida
Nos meus poemas há uma sede de
vida...uma fome de infinito
Um desejo de eternidade...como lâmina
de silêncio que me fere
Nesta dor surda com que apunhalei a
verdade com que minto
Neste rosto que se cobriu de
cinzas...neste amor que sabe a fel
Nos meus poemas há um grito que vem do
coração...tão dorido
Como quem escreve na pedra dura...como
quem morre em vão
Como quem chama por mim...fazendo das
palavras um gemido
Quando no branco da folha...derramo a
minha dor em oração
Nos meus versos há uma palavra
intangível...a palavra amor
Que queria embalar nos meus braços e
guardar no meu peito
Mas há um lugar sombrio onde apenas
perdura a palavra dor
Que canto nos meus versos...como um
negro amor perfeito
Nos meus versos ecôa um pedido de
silêncio...num grito mudo
Vindo do fundo da alma...escorrendo-me
da mão em desalento
Nos versos tristes e amargurados que
docemente grito ao mundo
Mágoas que vou escrevendo na folha que
se vestiu de cinzento
Há nos meus versos estranhas
melodias...sorrisos amordaçados
Moradas de silêncio na noite escura
onde me deito e adormeço
Sonhando que sou menina e os meus
sonhos não foram rasgados
Pelo punhal com que me escrevo na folha
branca onde anoiteço