De mim partiste alma moribunda...vestida do corpo que é meu
Chamando em silêncio...o tempo sem
vida...a vida sem tempo
A alma sem corpo...o rosto sem vida
dessa mulher que morreu
Abraçando esse corpo
adormecido...vestido de mágoa e lamento
Rasga esse véu de nudez...caminha alma
solitária nua e perdida
Onde só o silêncio te
acompanha...esse silêncio de eternidade
Num último gesto de adeus...te liberto
minha alma esmaecida
Deste corpo noite onde a luz se
apagou...num tempo sem idade
Vai alma branca...pelo rio de lama onde
derramaste as mágoas
Caminha desventurada pelo labirinto
onde a vida esqueceste
Na imensa noite...desfolha as rosas e
bebe o sal das lágrimas
Suave...suavemente caminha pela
escuridão onde te perdeste
Adormece agora alma minha...voa serena
enquanto é Outono
Não me lamentes...vai descansar entre
as nuvens...alma triste
Liberta-te de mim...deixa-me vagando
entre o sono e o sonho
Vai esperar pelo sol da madrugada...que
em mim já não existe
Parte de mim alma cativa...entrega-te à
terra que te viu morrer
Arrasta pelos céus os meus sonhos de
flores de giesta bordados
Envolve-os num manto de negro veludo e
deixa-os adormecer
Como tristes folhas de Outono deixa-os
neste corpo sepultados
Parte andorinha negra...voa serenamente
nesse céu cinzento
Leva contigo a noite que dentro de ti
encerras...foge de mim
Guarda em ti as últimas rosas que
ficaram perdidas no tempo
Vestida de penumbra...volta ao nada do
nada que existe em ti