No meu olhar há uma casa sem janelas...para lugar nenhum
Sombras pairando no tempo...desenhando
os meus passos
Na penumbra da minha pele...são
espectros de sombra e luz
Pairando sobre o meu
corpo...amordaçando os meus braços
No lugar mais profundo da solidão...no
mais ermo da vida
Na viela mais escura da noite...no
deambular mais errante
Flutua a minha alma nos umbrais da
escuridão... perdida
Entre o tempo e o espaço...no lamento
dum eterno instante
Na bruma habitam os sonhos...no
espaço breve do tempo
Num lugar recondito da noite...no
regaço frio da ausência
Nesse abrigo perpétuo...crepúscular
sonho de um momento
Em que me perco e me encontro longe da
minha presença
Num lugar frio e distante...cai sobre
mim a noite dolente
Adormecendo no meu corpo...sonhando nos
meus braços
Pisando os meus anseios...anoitecendo a
vida lentamente
Ecoando silêncios mudos...murmurando
os meus cansaços
Nas minhas mãos prendo restos de
nada...pedaços de mim
Farrapos de sonhos...fiapos de sal e
mágoa no meu corpo
Pingos de chuva no meu olhar...pedaços
de luar que perdi
Na lonjura onde caminho...esquecendo-me
pouco a pouco
Tateio a escuridão...nada vejo...nem a
minha alma encontro
Nem uma estrela fugaz que alumie um
instante este caminho
Neste labirinto longo e profundo...na
ausência do meu corpo
Onde vou tecendo tristemente a vida com
os laços do destino