Visto-me de violetas...enfeito-me de solidão...perfumo-me de rosas negras...deposito meu corpo na terra fria...entre o infinito e a eternidade...caminho entre nuvens brancas do silêncio...numa ansia eterna a morrer no meu olhar de brumas...na vida que ficou para trás...na chama que se apagou...no abandono do EU...perdida no desengano...envolta pela noite...vou sem mim.
Os sonhos perdi-os entre as pedras do esquecimento...o amor deixei-o do lado de lá da vida...não o encontro...saio agora pelo outro lado do silêncio...perco-me no esquecimento do tempo...deixo o meu corpo e volto ao pó...entrego-me ao nada...cinzas apenas...a escorrer no silêncio de um instante...num grito preso na imensidão...num olhar perdido...num canto silêncioso...onde não me tenho...não sou
Vestida de noite...danço uma valsa fúnebre...dolente...envolta nos véus da penumbra...danço despida de mim...entre os lábios e a pele...num lugar breve e sem volta...onde guardei as memórias de um outro eu que se perdeu no tempo...numa serenidade estranha...numa ânsia de infínito...numa procura de eternidade deixo escorrer uma lágrima...afasto uma sombra que caminha comigo numa manhã sem destino...numa noite sem chegada...num céu sem estrelas...no ocaso do meu olhar...no frio que se desprende das minhas mãos...no grito onde se escondem todos os silêncios...todos os desenganos...onde numa breve fuga ao ocaso escurecem os dias por entre a sombra e a penumbra...onde a dor é um afago no eco de todos os gritos...no lamento de todos os murmúrios e a sombra da minha sombra a minha eterna companhia.
Entre a terra e o céu...há tantas pedras nuas que ferem a alma...tantos lugares vazios...tantas noites que crescem dentro de mim...amordaçadas no meu corpo...aprisionadas nos meus braços cansados...escorrendo do vazio das minhas mãos...como asas silenciosas inundando todos os recantos gelados da minha alma... ficaram as palavras numa lágrima escrita em silêncio.
No fundo da noite...fantasmas flutuam na memória...acordando o sono...no regaço da escuridão...como asas na noite...transformando em cinzas os sonhos agonizantes...onde ardiam desejos...pousados na sombra negra do amor...no abismo da terra fria...onde adormeço...no vazio da eternidade...envolta no silêncio do tempo descanso enfim...no anoitecer da terra.