sábado, 26 de fevereiro de 2011

Penumbra...


Sou a penumbra...frágil sombra...vestida de noite
No meu rosto...traços de amargura...cinzas do tempo
E no meu corpo este silêncio...leve sopro de morte
Gravado no tempo...tatuado na alma...eterno lamento

Trago nas mãos tempestades...o inferno...e este vazio
Revolvo a terra...procuro na mulher...o raio e o trovão
Esqueço o que resta de mim...quase nada...apenas frio
Não tenho antes nem depois...apenas tempo e solidão

Sou mulher...trago  as dores da terra...amordaçadas
Os anseios do futuro...as dores do passado...as lágrimas
Os segredos...os medos...de todas as mulheres caladas
Todas as promessas...todos os sonhos e todas as mágoas

Sou a voz do vazio...a tristeza...a penumbra da poesia
Sou a pedra do caminho...a folha negra dos meus passos
Sou o abandono...o silêncio da noite...a sombra do dia
Perdida entre o ser e o querer...o vazio dos meus braços

A minha voz calou-se...apenas o silencio grita...implora
Num poema derradeiro...num verso negro...amordaçado
Num peito sofrido...num coração que em mim chora
Desfeito o sonho...cala-se o pranto...num verso rasgado

Entre mim e a noite...os braços...gestos breves amargos
Não sei quem sou...nas entranhas da terra foi onde nasci
Trouxe nas mãos um poema...nos dedos...silêncios vagos
Sou filha de todos os instantes...sou o principio e o fim

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dá-me uma rosa...


Antes que o céu escureça e a noite me envolva...antes que a treva regresse ao meu olhar...dá-me meu amor o perfume das rosas...dedilha no meu corpo as pétalas...que se fizeram sombras de mim...se desfizeram no vazio das minhas mãos sem lembranças...nos meus braços sem mim...nús de ti...seguram apenas as rosas...tão secas...tão mortas...apenas espinhos.
Antes que o tempo me leve os sonhos...que do meu corpo desapareçam as rosas...vem meu amor...vamos voar no além...no jardim do silêncio...onde as almas não são desertos...onde os sorrisos não são tristeza...onde a luz não é escuridão...onde as palavras dormem e não são grito... onde as rosas são poemas...poemas de amor...onde a voz não é saudade...é uma melodia doce...as dores são água cristalina num mar de ilusão...os corações são sempre Primavera...onde as pedras são flores e a mágoa se faz ternura...onde as horas são apenas um instante...os sonhos são o infinito...a eternidade uma vida...vem comigo meu amor.
Sabes meu amor...que entre as rosas e o céu...há nuvens muitas nuvens...por vezes tão negras...há muros...muitos muros...sentimentos amordaçados...casas desabitadas...noites sem ti e cheias de mim...e fantasmas que me gritam que sou apenas a sombra do poema...a escuridão das letras...a rima nua do silêncio...o rascunho esquecido entre a vida e a morte...os traços negros da noite...o entardecer do meu cansaço...eterno riso de escárnio dos corpos anoitecidos...sombras apenas meu amor...sombras das rosas que morreram no meu peito...espectros apenas de uma sonhadora louca.
Dá-me uma rosa, meu amor.


Sou rosa...sou corpo...sou paixão...sou o teu destino
Sou o agasalho da tua noite...a luz da tua escuridão
Sou o teu fantasma...aquela que te segue no caminho
Sou o teu grito mudo...sou o silêncio da tua solidão

Nas minhas mãos uma rosa...no meu corpo o abandono
Nos meus dedos o sangue com que me escrevo em prosa
No meu olhar a eternidade...nas palavras o meu sonho
No meu coração a amargura...nos meus braços uma rosa

É em ti que guardo as rosas...invento o sonho...a ilusão
Para ti invento palavras...invento rimas...poemas...prosas
Foi em ti meu amor que me perdi...em ti me fiz paixão
Em ti que me inventei e foi para ti que guardei as rosas

Disseste meu amor... que as rosas seriam o meu leito
Que as tuas mãos...seriam a ternura que me envolvia
Disseste meu amor...que ficariam eternas no meu peito
E que no meu corpo...uma rosa vermelha...renasceria



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Não partas de mim...

És tu... meu amor...o abraço que não quero perder...o meu último sonho...o meu voo para além do tempo...faz-me regressar a mim...aconchega-me no teu peito...guarda-me na tua pele...faz-me mar...envolve-me no teu olhar...sussurra suavemente o meu nome...como se fosse uma melodia...não me chores...aconchega-me em ti docemente.
Em cada recanto do meu corpo...te espero meu amor...num eterno momento...te dou as mãos...sente-as...são a presença de mim em ti...são as pétalas de solidão...são rosas a amanhecer no meu peito...o tudo e nada...são a ternura de um beijo...a mansidão do mar...a vastidão das ondas...um sorriso...o futuro...o presente...os sonhos...os medos esquecidos...a entrega plena...pedaços de mim...gestos sentidos...o calor da voz...o olhar em silêncio...o corpo nu...o amor que não se fez...o beijo que não se deu...o toque...a lembrança no olhar...o querer...a magia...as palavras queimando...os versos de amor doendo...o desejo dançando na pele...cobrindo o meu corpo...as tuas mãos...as minhas que esperam...na ausência de mim...na saudade de ti...no silêncio da noite...inventando o prazer...amor e paixão...lágrimas e carinhos...na magia de um momento...abraça-me e deixa-me ficar assim.
Não digas nada meu amor...sente-me apenas...faz das minhas noites...madrugadas serenas...faz do meu vazio...um mar calmo...dos meus braços o leito do rio que te percorre...das memórias...um poema de amor...escreve-me no teu corpo...desenha-me na tua pele...faz-me mulher.
Não digas nada meu amor...prende-me apenas em ti...não me deixes ir...voa comigo entre o céu e a eternidade...esquece a distância entre a vida e as nuvens...sonha-me apenas...abraça-me...não me deixes partir...faz-me florescer entre os teus dedos...embala-me com carinho...numa melodia de amor faz-me adormecer no teu peito...como se fosse o meu leito...faz-me eternidade...toca o céu comigo...deixa-me ir com o Vento....não partas de mim.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Só por vezes...


Por vezes sou menina...por vezes me ilumino...sou ternura
Por vezes sou penumbra...por vezes toco o céu...sou claridade
Por vezes sou ave...sou a asa...que pousa em ti na noite escura
Por vezes...só por vezes...sou um breve momento de felicidade

Por vezes não me sou...não me conheço...perdi-me do meu olhar
Por vezes...procuro-me nas madrugadas... mas sou apenas grito
Por vezes...visto-me de vento...perco-me nas ondas...sou mar
Por vezes...só por vezes...procuro-te meu amor...no infinito

Por vezes sou o cio da terra...sou a noite...o luar...a loucura
Por vezes sou chuva...sou vendaval...sou o raio e o trovão
Por vezes...um Vento leve...envolve meu corpo em ternura
Por vezes...só por vezes...o teu olhar...despe-me a solidão

Por vezes sou as mãos...sou a ausência...o vazio...o abraço
Por vezes sou o tempo...que passa breve...que corre lento
Por vezes sou a sombra da noite...por vezes apenas cansaço
Por vezes...só por vezes...o amor toca em mim...um momento

Por vezes sou lágrima...sou rio...a palavra gasta pelo tempo
Por vezes sou o nada...uma pedra no caminho...a imensidão
Por vezes sou o entardecer...que corre triste...caminha lento
Por vezes o cansaço...as horas que se arrastam...a eterna solidão

Por vezes olho o meu sonho...não sou o sonho...sou o pesadelo
Por vezes há uma linha invisível...a distância...o abismo...o nada
Por vezes  só por vezes...sorriu à noite...que vela meu desespero
Por vezes só por vezes...sou a luz...na escuridão da madrugada

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sou a Poesia...


Dispo-me na poesia...sou mulher perdida nos recantos de cada letra...em cada palavra que escrevo me entrego...em cada pedaço do meu corpo me desnudo...faço amor com a poesia...sou loucura...sou paixão...sou dor...sou emoção...perco-me e encontro-me em cada rima que os meus dedos beijam...em cada rosa que desfolham...em cada dor que choram...fico nua...pronta para amar...para me escrever...me descrever...abraço-me na poesia...traço a traço...letra a letra me dou...sou corpo...sou desejo...sou mar...enleio-me nas ondas de cada verso...sou pele...sou mulher...sou espera...sou ausência...sou cansaço...sou noite e sou dia...sou sombras...sou abismo...sou EU...sou a poesia.
Sou o o lhar em silêncio...sou a lágrima...sou verso e reverso...perco-me e invento-me...amo-me e odeio-me...sou o choro e a alegria...sou o vento e a brisa...sou o sol poente e o amanhecer...sou a luz e a escuridão...sou paixão e desenganos...sou amor e sou tristeza...sou ternura e vendaval...sou chegada e despedida...sou o silêncio e o grito...sou a palavra e o vazio...sou a ferida e a pétala...sou a mortalha e a flor...sou a morte e a vida...sou a poesia.
Amordaçada e livre...magoada e solta...pairando no infinito...tocando o céu...ardendo no Inferno...escrevo-me e apago-me...sou o princípio e o fim...sou o momento e a imensidão...sou o tempo e a pausa...sou nada e tudo...sou rosa e espinho...sou mãos e afago...sou abraço e esquecimento...sou vermelho e negro...sou sangue e paixão...sou cio e lua...sou chama...sou loba...sou amante e sou amor...visto-me e dispo-me...sou o sonho e a fantasia...sou ilusão...sou a poesia.


Em versos tristes me canto...em prosa me escrevo...me desnudo
De sonhos me visto...no vento me dispo...com a poesia faço amor
Sou filha da noite...o silêncio das palavras...um verso profundo
Da alma fiz poesia...da poesia o meu grito...ecoando a minha dor

Na poesia escrevo ilusões...desilusões...o meu cansaço
Rasga-me a pele...cada poema...que nasce dentro de mim
Escrevo e apago...sou tudo e sou nada...faço e desfaço
Nas minhas mãos...rimas vazias...e esta noite sem fim

Saí-me das mãos...sai-me da alma...o poema...e doi tanto
Queima-me os dedos...fala de amor...de dor...de desilusão
Fala do frio das noites...do gelo das madrugadas...do pranto
Do silêncio...dos meus braços...do meu corpo...da solidão

É na madrugada que me visto de poesia...me dispo de mim
Que o silêncio me abraça...que me envolve a escuridão
Que a ausência se veste de infinito...que a noite fala de ti
É na madrugada...que as palavras me vestem de solidão



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Quando eu morrer...



Vistam-me de poesia...espalhem as minhas cinzas num roseiral
Declamem poemas de amor...não me chorem...apenas sorriam
Na minha campa...não me deixem flores...deixem só um olhar
Na lápide escrevam só...aqui jaz aquela que há muito partiu

Não me lamentem quando for...deixem-me partir em silêncio
Deixem-me ir vagando no vento...deixem-me ir...docemente
Fechem-me os olhos com carinho...perfumem-me de incenso
Guardem o meu rosto...o meu nome...na memória eternamente

Quando já tiver desaparecido...nas noites brancas do além
E vagar num céu sem nuvens...cantem uma melodia de amor
Recitem-me um poema...não me chorem...não sou ninguém
Fui apenas aquela que pela vida passou...vestida de dor

No tempo...além do tempo...flutua um corpo que foi vida
Repousam meus restos...envoltos no manto eterno da dor
Guardem na lembrança...a rosa vermelha...a roseira florida
Na minha campa...deixem um adeus...um poema de amor

Fui um sopro que passou...uma sombra...uma alma errante
Visto o roxo da morte...o meu rosto está frio...não o acordem
Serena como as rosas...te chamo eternidade...minha amante
Voando no infinito...vai meu corpo...morto antes da morte

Quando morrer...quero que me deixem nas mãos uma rosa
Não me chorem...digam-me adeus sem tristeza...não é o fim...
Pintem meus lábios de vermelho...vistam-me seda vaporosa
Levem-me para a minha planície...quero regressar a mim